Tarifas elevadas dificultam acesso de produtos do agronegócio brasileiro ao mercado mexicano

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Da Redação (*)

Brasília – A existência de elevadas barreiras tarifárias incidentes sobre produtos como carnes, queijos, milho e algodão não cardado, entre outros, constitui o principal obstáculo para que o Brasil aumente as exportações do agronegócio para o México. Devido a essas barreiras, em 2014, as exportações totais do agronegócio para o mercado mexicano somaram US$ 627 milhões, com participação de apenas 0,6% na receita de exportação obtida pelo Brasil com esses produtos. Os dados são do Boletim Agronegócio Internacional, elaborado por especialistas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

De acordo com o Boletim, em 2014, a corrente de comércio com o México superou US$ 9 bilhões, concentrando-se nos produtos industriais e principalmente no setor automotivo. O intercâmbio comercial do agronegócio entre os dois países cresceu 61,2% na última década, alcançando a cifra de US$ 627 milhões no ano passado. Apesar disso, o México aparece numa modesta décima-nona posição entre os maiores importadores de produtos do agronegócio brasileiro.

Ano passado, os principais produtos do agronegócio exportados para o México foram: café verde (US$ 106,5 milhões), couros e peles (US$ 99,9 milhões), carne de frango in natura (US$ 36,6 milhões), soja em grãos (US$ 34,4 milhões) e demais madeiras e manufaturas de madeiras (US$ 33,6 milhões).

Mas o estudo elaborado pela CNA mostra que há outros produtos dos quais o México é grande importador e que não figuram da pauta comercial dos dois países. Isso se deve, entre outros motivos, à incidência de elevadas tarifas que tornam proibitivas as exportações brasileiras. Itens como as carnes e os queijos, por exemplo, enfrentam barreiras tarifárias que oscilam entre 125% e 234%.

O milho é outro produto brasileiro duramente afetado pelo protecionismo mexicano, com tarifas que podem chegar a 20%. Em 2013, o México realizou compras de milho no montante de US$ 2 bilhões, dos quais apenas US$ 30 milhões foram fornecidos pelo Brasil. Dos cerca de US$ 6 bilhões exportados pelo Brasil em 2013, apenas 1,5% foram destinados ao México. Para ingressar no mercado mexicano, o milho brasileiro tem que enfrentar não apenas tarifas elevadas mas também a concorrência dos Estados Unidos, um dos maiores produtores mundiais de milho e principal parceiro comercial do México.

Esse mesmo panorama se repete em relação às exportações de carnes de bovinos desossadas, que também registram alto valor de importação pelo México, somando US$ 843 milhões em 2013. Apesar disso, não há registros de importação Mexicana desse produto proveniente do Brasil. Um dos inibidores dessas vendas pode ser a tarifa de 20% imposta pelos mexicanos ao produto brasileiro.

Outro produto que possui grande potencial de comércio com o México, mas que não tem registrado vendas, é o algodão não cardado. Em 2013, o México importou US$ 456 milhões desse produto, mas não há registro de importação mexicana do Brasil, apesar de as vendas externas brasileiras terem superado a cifra de US$ 1 bilhão. No México, as tarifas de importação impostas ao algodão não cardado chegam a 10%.

De acordo com o boletim da CNA, o potencial de comércio de alguns produtos do agronegócio brasileiro com o México pode ser explorado  através da ampliação de acordos comerciais entre os dois países –a exemplo do que vem acontecendo no setor automotivo, o carro-chefe do comércio brasileiro-mexicano- e pelo estímulo às negociações de protocolos sanitários e fitossanitários que viabilizem o acesso dos produtos do agronegócio brasileiro ao mercado daquele país.

(*) Com informações do Boletim do Agronegócio Internacional da CNA

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