Brasília – Os principais entraves ao crescimento da agricultura irrigada no país estão nas dificuldades do produtor em atender às normas da legislação ambiental, que precisam de ajustes especialmente na obtenção da outorga d´água, e na pouca oferta de técnicos capacitados para a montagem de um sistema consistente de irrigação. Foi o que afirmou o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Junior, na abertura do seminário “Segurança Hídrica: uma visão brasileira”.
O presidente da CNA discorreu sobre o tema “Água e Produção Agrícola” na noite desta segunda-feira (21), no auditório da entidade. Em sua palestra, ele indicou três fatores básicos da moderna produção agrícola no país: 59% referem-se à intensificação do uso de insumos agropecuários e da própria irrigação; 20% devem-se à expansão da fronteira agrícola; e outros 21% a pesquisas modernas que permitiram a utilização de variedades de sementes melhoradas. João Martins destacou ainda o “compromisso do produtor brasileiro em preservar o meio ambiente e os recursos hídricos”.
No entender do presidente da CNA, é fundamental “buscar novas tecnologias, capazes de reduzir os eventuais desperdícios no uso da água que é realidade no modelo de irrigação em vigor e aprender com exemplos práticos como os de Israel, onde o custo da irrigação é menor e o modelo utilizado moderno e eficiente”.
Desafio
Ao mencionar o desconforto dos produtores agrícolas do país, que são apontados como os maiores consumidores de água em todo o território nacional, João Martins convocou os técnicos a apresentarem soluções para o desafio de aumentar a produção poupando os mananciais. É preciso levar em conta, disse ele, que o Brasil se tornou um dos maiores produtores de grãos do mundo, para atender à demanda internacional por alimentos.
Para o presidente da CNA, outro fator que inibe a expansão de projetos de irrigação no país é o elevado custo da energia elétrica utilizada pelo agricultor. É importante que o Governo reveja alguns conceitos e adote uma política atraente de financiamento capaz de mudar esse quadro no segmento da irrigação, assinalou.
O fato é que produtor assumiu dois compromissos básicos, “não avançar mais sobre áreas agriculturáveis da Amazônia, e, ao mesmo tempo, proteger o meio-ambiente”. Entre 1990 e 2014, segundo lembrou, a produção agrícola brasileira saltou de 57 milhões para 193 milhões de toneladas, mas a área plantada cresceu apenas 50%, de 37 milhões para 57 milhões de hectares no mesmo período.
Ricardo Andrade, coordenador da Seção Brasil do Conselho Mundial da Água, informou sobre a grande vitória conseguida pelo Brasil: sediar em 2018, em Brasília, o Fórum Mundial da Água. Em 2015, a sede do evento será a Coreia do Sul. Ele lembrou a forte presença brasileira no Conselho e destacou a necessidade de um diagnóstico preciso sobre a gestão de recursos hídricos no país. Dois outros seminários serão realizados ainda este ano: “Água e Saneamento”, em Maceió, capital de Alagoas; e “Água e Energia”, no Paraná. O Seminário de Brasília continua nesta terça-feira (22) com dois painéis: “A segurança alimentar num país de 200 milhões de habitantes”, pela manhã, e à tarde, “O uso da água no setor agrícola”.
Fonte: CNA