Exportações para os países árabes passaram de US$ 2,6 bilhões para US$ 14,8 bilhões em dez anos

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São Paulo – Em 2002, um ano antes da abertura da ANBA, foram US$ 2,6 bilhões. No ano seguinte já eram US$ 2,7 bilhões e no outro, US$ 4 bilhões, até chegar em US$ 14,8 bilhões em 2012. As exportações do Brasil para o mercado árabe tiveram, desde a criação da agência, uma década de crescimento quase que contínuo. Enquanto o site noticiava novos negócios de empresas brasileiras na região, mais envio de grãos daqui para lá, licitações com oportunidades para empreendedores brasileiros e árabes, os embarques, assim como as informações, avançavam rápido.

E se o governo passou a olhar mais para o mundo árabe, os empresários também o fizeram. Empresas como MBR Trading descobriram o potencial de compra dos Emirados e da sua luxuosa Dubai. A trading Latinex embarcou biscoitos, carne enlatada, suco de frutas para Líbia, Egito, Síria e outros mais. Sozinhos, com órgãos de governo ou com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, os pequenos e médios foram vender aos árabes. Os grandes, alguns já com raízes fincadas na região há algum tempo, foram vender mais.

Especialistas dizem que uma evolução tão grande nas exportações brasileiras para a região, que aumentaram quase seis vezes no período, foi fortemente impulsionada também pelo aumento nos preços das commodities. O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirma que um aumento assim não é comum. Em terras árabes, o maior preço do petróleo aumentou o poder de compra. O Brasil aproveitou para vender mais as suas commodities como minérios e grãos, também com cotações em alta.

O diretor geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, destaca a consolidação do Brasil, no período, como fornecedor de carne bovina e de frango para o mercado árabe. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), compilados pela Câmara Árabe, mostram que as exportações deste segmento do País para a região passaram de US$ 511 milhões em 2002 para US$ 3,9 bilhões em 2012, um avanço de quase sete vezes, maior ainda do que o salto que as exportações deram como um todo.

Alaby: Brasil se consolidou em carnes
Arquivo/ANBA

Alaby: Brasil se consolidou em carnes

A pauta de produtos, no entanto, esteve bastante concentrada no período, um reflexo do que ocorreu no Brasil. “No ano 2000, os manufaturados representavam 59% da pauta, em 2012 eram 37%. As commodities eram 22% e passaram a 47%”, afirma Castro, sobre as exportações gerais do País, dizendo que isso ocorreu principalmente em função do “custo Brasil”, principalmente o de logística. Alaby cita como outro fator para a perda de espaço em manufaturados o crescimento da demanda interna, que fez as empresas se voltarem mais para o mercado doméstico, e a desvalorização do dólar.

 A pauta de comércio do Brasil com os árabes esteve tradicionalmente concentrada em commodities, como açúcar, carnes e minérios. No período, no entanto, alguns grãos passaram a estar mais presentes nos embarques, como milho e feijão. Atualmente, as vendas do Brasil para os árabes são lideradas pelo açúcar, que responde por 28,5% do total. Em 2002, o açúcar respondia por 29,5%. As carnes estão em segundo lugar, com 26,5%, contra 19,6% há dez anos; os minérios respondem por 16,4%, ante 8,46% em 2002; e os cereais por 10%, contra 1,2%.

Em dez anos as importações brasileiras de produtos árabes também aumentaram muito, de US$ 2,2 bilhões para US$ 11 bilhões. O salto foi de cinco vezes. Os tipos de produtos embarcados, no entanto, tanto em 2002 quanto em 2012 foram principalmente combustíveis minerais e fertilizantes.

Houve, porém, uma pequena desconcentração da pauta, já que os combustíveis respondiam por 90,7% do total e passaram para 82%, e os fertilizantes saíram de 4% para 12%. Com isso, a Argélia, grande fornecedora de petróleo e derivados ao Brasil, passou dividir mais espaço na pauta de fertilizantes com o Marrocos. A Arábia Saudita manteve a mesma participação como fornecedora do Brasil em dez anos: 28%.

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Miralla: vendas para os Emirados

Alaby lembra iniciativas que contribuíram para o avanço do comércio com os árabes, como a aproximação entre governos, algo que, segundo o diretor-geral, os empresários árabes valorizam bastante. Ele cita também as ações da Câmara Árabe, como participação em feiras, missões empresariais, promoção de rodadas de negócios e a criação da ANBA. “O papel da ANBA foi divulgar o Brasil nos países árabes e divulgar os países árabes no Brasil”, afirmou Alaby, ressaltando o viés econômico e cultural das notícias.

 A MBR Trading é uma das empresas que teve sua história contada pela agência. A companhia paulistana exporta frutas, principalmente limão Taiti, e já embarcou para Catar e Emirados. O sócio da MBR, Renato Miralla, afirma que ter a empresa como foco de reportagem da ANBA dá credibilidade. Dubai atualmente representa 15% das exportações da trading, que também vende para Canadá e sete países da Europa. As vendas para o mundo árabe decolaram depois que a empresa passou a ter representante em Dubai, há dois anos.

Divulgação
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Moraes, da Latinex: investindo na exportação

O empresário paranaense Eduardo Moraes fundou a Latinex no mesmo ano em que a ANBA nasceu e exportou para o mercado árabe entre 2005 e 2011. Ele afirma que a agência contribuiu para a relação da Latinex com os árabes. “Ajudaram a nos manter informados sobre os principais acontecimentos do mundo árabe, além de eventos e ações da Câmara Árabe”, afirma Moraes. A empresa costuma estar presente nas ações promovidas pela entidade. “São ferramentas de grande valia para o empresário brasileiro”, disse.

Desde 2009, a Latinex tem uma operação de importação de alimentos “Premium” para atender o varejo especializado, como empórios e delicatessens. A trading, porém, está reestruturando sua unidade de exportação e pretende retomar com força essa área em breve. “O foco será trabalhar no projeto Apex Brasil Trade, como trader exclusiva de algumas indústrias de alimentos do projeto, e certamente os árabes estão incluídos nesta retomada”, afirma Moraes, a respeito do projeto da Agência Brasileira de Exportações e Investimentos (Apex) de incentivar a exportação de pequenas empresas via tradings.

Fonte: ANBA

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