Dívida de US$ 6 bilhões não impede Venezuela de ter saldo no comércio com o Brasil em janeiro

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Da Redação

Brasília –  A Venezuela acumula dívida de quase US$ 6 bilhões junto a empresas exportadoras brasileiras e parte desse débito já é considerado como calote e sem nenhuma perspectiva de vir a ser quitada mas isso não impediu que o país vizinho começasse o ano de 2017 registrando um saldo de US$ 20 milhões no comércio com o Brasil no mês de janeiro.

O déficit resultou de exportações brasileiras no total de US$ 48 milhões (queda de 3,85% comparativamente com janeiro de 2016) e vendas venezuelanas no montante de US$ 68 milhões, um aumento de 245,46% em relação ao volume embarcado para o Brasil no primeiro mês do ano passado.

A falta de pagamento das mercadorias importadas está levando os exportadores brasileiros a evitarem negócios com a Venezuela e essa postura se reflete nos números das exportações para o país.

Os efeitos desse receio já são visíveis no fluxo comercial que em 2016 recuou para o menor nível desde 2003: passou de mais de US$ 6 bilhões (exportações+importações) registrado no auge das trocas entre os dois países, em 2012, para US$ 1,691 bilhão no ano passado. Em 2016, as exportações brasileiras despencaram 57,28% e somaram US$ 1,276 bilhão e as vendas venezuelanas tiveram uma retração de 38,93% para US$ 415 milhões.

Segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a escassez de dólares e a diferença de taxas de câmbio oficial tornam bastante complexas as relações comerciais com a Venezuela. De acordo com ele, “as empresas têm se restringido, basicamente, a exportar alimentos e procuram se garantir assegurando pagamento antecipado ou à vista”.

Há muito tempo a Venezuela deixou de ser um dos principais mercados para os produtos industrializados brasileiros e mais recentemente vem reduzindo de forma drástica até mesmo a importação de alimentos. Em 2016, por exemplo, as importações de bovinos vivos caiu 75,7%, a de carne de frangos teve uma redução de 58% e a de suínos encolheu 14%.

Segundo Welber Barral, da Consultoria Barral MJorge empresas exportadoras de alimentos e produtos de linha branca deixaram de exportar para a Venezuela por causa do risco de crédito e as empresas que continuam operando no país só o fazem mediante pagamento adiantado ou através de uma carta de crédito de um banco estrangeiro, o que encarece a operação.

Tudo isso fez com que a Venezuela, que ocupou em 2009  o quinto lugar entre os principais destinos dos produtos exportados pelo Brasil, caísse para a trigésima-oitava posição no ano passado. Para este ano, a previsão é de que o fluxo de comércio entre os dois países se encolha ainda mais com o recrudescimento da forte recessão que há cinco anos consecutivos devasta a economia venezuelana.

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