Da Redação
Brasília (Comex-DF) – A pauta exportadora brasileira vem sendo marcada este ano por uma significativa mudança: o avanço das commodities (produtos básicos como minério de ferro) que a cada dia ganham mais espaço nas exportações do país, ocupando território especialmente dos produtos de média intensidade tecnológica, segundo informações do Ipea.
Historicamente, esses produtos, de baixa sofisticação, representam em torno de 40% dos bens vendidos pelo Brasil para o exterior, mas nos primeiros quatro meses deste ano eles chegaram a 51% -ante 43% em todo o ano passado.
Segundo informa a Folha de São Paulo (24/11/2009), o principal motivo para essa arrancada das commodities foi o crescimento das vendas para a China, que são concentradas nesses produtos, ao contrário dos EUA, que importam mais manufaturados.
Baseada em produtos como soja, minério de ferro, celulose, fumo e petróleo, a exportação brasileira para a China cresceu 18% até setembro, no único caso de alta entre os dez principais destinos. Ela respondeu nos nove primeiros meses de 2009 por 14,5% do que o Brasil vendeu ao exterior (ante 9,1% no mesmo período de 2008).
Outro motivo de avanço das commodities é o fato de o preço de algumas, que caíram na crise, terem voltado a se valorizar.
Para o Ipea, ainda é cedo para saber se o predomínio das commodities é um efeito de curta duração decorrente da crise global ou se é uma decorrência de longo prazo. “De qualquer forma, esse movimento é oposto ao que o país precisa no longo prazo, que é diversificar sua pauta de exportações a partir da ampliação da participação de produtos mais intensivos em tecnologia”, dizem Fernanda de Negri e Maria Cristina Passos, no boletim “Radar”, publicado pelo Ipea.