CNA vê no embargo da Rússia à Turquia novas oportunidades  para o agronegócio brasileiro

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Da Redação (*)

Brasíia – O governo da Rússia impôs uma série de embargos contra a Turquia e além das consequências diplomáticas, as medidas também afetam o agronegócio de ambos os países, permitindo ao Brasil ampliar seu papel como fornecedor de alimentos e outros produtos do setor para os russos. De acordo com a edição do mês de fevereiro do Boletim Agronegócio Internacional, elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as medidas implementadas pela Rússia abrem perspectivas de bons negócios para  o agronegócio brasileiro.

O Boletim destaca  que, historicamente, a Rússia é um grande importador de produtos do agronegócio. Segundo dados do International Trade Centre (ITC), numa média entre 201 2 e 2014, aquele país importou um total de US$ 55,79 bilhões em produtos agrícolas tendo sido o quinto maior comprador mundial de alimentos em 2012, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Por outro lado, a Turquia é um grande fornecedor desses produtos para a Rússia, respondendo por 4,5% do mercado do agronegócio russo (média entre 2012 e 2014), com vendas no total de US$ 2,52 bilhões ao ano. Nesse mesmo período, o Brasil manteve uma méia de participação de 5,7% no mercado russo do setor.

Além disso, a participaçao a Turquia naquele mercado tem crescido nos últimos anos. A exemplo do que aconteceu com o Brasil, a Turquia também soube aproveitar as oportunidades criadas pelo embargo russo aos alimentos provenientes dos Estados Unidos, da União Europeia e de outros países a partir de 2014.

O informativo da CNA informa ainda que para cadeias específicas do agronegócio, o crescimento foi ainda maior que a média geral. No caso dos produtos hortícolas, a participação turca passou de 14,93% em 2012 para 16,13% em 2014. Nesse mesmo ano o país teve participação de 14,89% do mercado russo de frutas, 18% a mais que em 2012.

 Finalmente,  Turquia que praticamente não exportava carnes de aves para a Rússia, foi responsável por 2,63% do total importado pelos russos em 2014. No mesmo ano, o Brasil supriu 27,4% das importações russas de carnes de aves, mas apenas 0,3% das compras russas de frutas e 0,1% das compras russas de produtos hortícolas.

No contexto das medidas retaliatórias, a Rússia lançou um embargo contra as cadeias de frutas, vegetais, carnes de aves e sal turcos, e ampliou o uso de barreiras sanitárias e técnicas contra os produtos agropecuários importados da Turquia. Esse banimento de importações, com valor aproximado de US$ 1,44 bilhão ao ano, terá efeitos mistos para Turquia e Rússia.

No curto prazo, o agroexportador turco será fortemente impactado pelo embargo russo. Segundo  o deputado Cetin Budak, de oposição  turca, as sanções podem levar a perdas de até US$ 6 bilhões em exportações de produtos do agronegócio ao ano, e de mais de US$ 20 bilhões em todos os setores da economia. Na avaliação do governo turco, as perdas não devem ultrapassar US$ 704 milhões para o setor agropecuário e US$ 9 bilhões para a economia turca em geral.

Ainda segundo o Boletim da CNA, um dos setores brasileiros que pode se beneficiar do embargo russo  é o de carne de aves. Nos últimos dois anos, a Turquia ampliou sua participação naquele mercado, com as exportações saltando de US$ 2,77 milhões em 2013 para US$ 26,15 milhões em 2014. Nesse mesmo ano, o Brasil exportou US$ 272,73 mihões dessas mesmas carnes aos russos.

No setor das frutas, além dos cítricos, outro produto brasileiro que pode beneficiar-se do embargo russo é a uva fresca. Atualmente, o Brasil exporta ao mundo US$ 97,23 milhões de uvas, em média. A Rússia, por sua vez, importou no último ano US$ 185,38 mihões em uvas frescas apenas da Turquia.

(*) Com informações da CNA

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