Imagem: Montagem Comexdobrasil.com

Brasil e Rússia: após forte alta em 2022, comércio inicia 2023 em desaceleração

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Da Reação

Brasília – A ruidosa passagem por Brasília de Serguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, chamou a atenção não apenas para as controvertidas posições assumidas pelo governo brasileiro em relação à guerra na Ucrânia mas também para o intercâmbio comercial entre os dois países.

Apesar do conflito, e dos embargos impostos pelos Estados Unidos e pela União Europeia à Rússia, em 2022, o comércio entre o Brasil e a Rússia bateu  um recorde histórico. Ano passado, a corrente de comércio bilateral (exportação+importação) atingiu o maior valor da série histórica, com a marca de US$ 9,812 bilhões (alta de 34,7% em relação ao ano anterior).

No período, as exportações brasileiras cresceram 24,7% e totalizaram US$ 1,959 bilhão. Em contrapartida, as vendas russas tiveram uma alta de 37,8% para US$ 7,853 bilhões. Com isso, o Brasil teve com a Rússia um déficit de US$ 5,894 bilhões, o segundo maior de todo o comércio exterior brasileiro, atrás apenas do saldo negativo de US$ 13,867 bilhões registrado nas trocas com os Estados Unidos. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

No primeiro trimestre de 2023, ainda que os números não devam, necessariamente, ser projetados para todo o ano em curso, o que se viu foi uma queda expressiva (-32,8%) nas exportações brasileiras, que apenas US$ 426 milhões, enquanto as importações de produtos russos somaram US$ 1,783 bilhão (alta de +12,8%). Com queda de 0,12%, a corrente de comércio chegou a US$ 2,209 bilhões e o superávit em favor dos russos foi da ordem de US$ 1,357 bilhão.

Dentre os cinco principais produtos exportados para a Rússia não figura nenhum bem industrializado e as importações russas se concentraram em produtos do agronegócio, de menor valor agregado. A soja foi o líder da pauta exportadora, com uma participação de 56% no volume total embarcado e uma receita de US$ 239 milhões (alta de +38,17% em relação ao primeiro trimestre do ano passado).

A seguir vieram a carne bovina (USS 39 milhões, alta de 11,5% e participação de 9,0%); café não torrado (US$ 36 milhões, queda de -33% e participação de 8,4%), carne de aves (US$ 26 milhões em receita, retração de -14% e participação de 6,1%); e amendoins (US$ 21 milhões, queda de -10% e participação de 4,8%).

Depois de crescerem acentuadamente no ano de 2022, as exportações russas de adubos ou fertilizantes recuaram 13% no primeiro trimestre. A receita chegou a  US$ 977 milhões e, isoladamente, o item respondeu por 55% de todo o volume exportado pela Rússia para o Brasil. Igualmente relevantes foram as vendas de óleos combustíveis, com uma alta vertiginosa de 288% e receita no total de US$ 600 milhões, com uma participação da ordem de 34% nas exportações.

Com relevância bem menos expressiva, também aparecem os demais produto da indústria de transformação (US$ 75 milhões e participação de 4,2%); produtos semiacabados, lingotes (US$ 45 milhões e participação de 2,5%); e borrachas sintéticas (US$ 23 milhões, correspondentes a 2,47% no total negociado com o Brasil

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