Apesar de ligeira queda em setembro, exportações de calçados ultrapassam US$ 800 milhões no ano

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Novo Hamburgo – Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), apontam para uma leve queda nas exportações de setembro, quando o embarque de 9,54 milhões de pares gerou US$ 87,9 milhões – 8,5% menos em pares e 0,6% menos em dólares no comparativo com o mesmo mês de 2012. Já ante agosto, a queda foi de 5,1% em faturamento, mas houve uma alta de 2,8% no número de produtos embarcados.

Nos nove meses de 2013 foram embarcados 88,35 milhões de pares que geraram US$ 808,8 milhões, aumento de 9,4% em pares e 0,9% em valores no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Os números apontam que as importações continuam em crescimento. No mês de setembro o varejo brasileiro recebeu mais de 3,6 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 55,85 milhões, incrementos de 24,3% e 23%, respectivamente, frente ao mesmo mês de 2012. No acumulado do ano já entraram no Brasil mais de 31,17 milhões de pares a um custo de US$ 455,75 milhões, aumentos de 12,8% em pares e 19,1% em dólares no comparativo com os mesmos nove meses de 2012.

O saldo da balança comercial brasileira no setor de calçados caiu mais 25,4% em setembro. No acumulado do ano, em que o saldo ainda é positivo em US$ 353 milhões, a queda já é de 15,7% frente a 2012.

Destinos

O mês de setembro foi bom para os exportadores de calçados que trabalham com os Estados Unidos. Impulsionados por uma gradual recuperação da economia norte-americana, os importadores daquele país compraram 761,9 mil pares pelos quais pagaram US$ 15,9 milhões, resultado financeiro 32,6% superior ao registrado no mesmo mês de 2012. Os números foram inflados pela alta do valor médio do produto importado, que pulou de US$ 12,24 para US$ 20,90 (alta de 70,8%).

No acumulado, porém, os americanos continuam registrando uma queda, agora menor, de 9% em dólares e 21,4% em pares. Nos nove meses os Estados Unidos compraram 7,2 milhões de pares, o que equivale a US$ 137,35 milhões.

Com uma queda de 44% em dólares e 67,7% em pares, os argentinos aparecem no segundo lugar entre os compradores de calçados verde-amarelos. No mês de setembro os “hermanos” importaram 866,5 mil pares pelos quais pagaram US$ 11,4 milhões. No acumulado dos nove meses, porém, ainda é registrada uma alta de 7% em valores pagos, chegando a US$ 98,7 milhões, e uma leve queda de 2,7% no número de pares (6,76 milhões). A tendência de queda, conforme a Abicalçados, segue com as barreiras impostas ao calçado nacional pelo governo argentino.

Mesmo com uma queda de 14,5% nas compras de calçados brasileiros em setembro, os franceses continuam como o terceiro principal destino das exportações. No mês nove entraram na França 516,9 mil pares brasileiros pelos quais foram pagos US$ 3,5 milhões. No acumulado do ano os franceses já compraram 4 milhões de pares que renderam US$ 48,96 milhões para os cofres brasileiros, uma queda de 9,3% no comparativo com o mesmo período de 2012.

O Paraguai, quarto principal destino em setembro, comprou 926,74 mil pares que geraram US$ 5,8 milhões aos exportadores brasileiros, uma alta de 16,2% sobre o mesmo mês de 2012. No acumulado, os paraguaios compraram 11,2 milhões de pares pelos quais pagaram US$ 42 milhões, alta de 27,6% no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Ceará ultrapassa o Rio Grande do Sul como principal exportador de calçados

O mês de setembro marcou a troca de posto entre os dois maiores exportadores de calçados do Brasil. O Rio Grande do Sul foi ultrapassado pelo Ceará, que embarcou 4,4 milhões de pares pelos quais recebeu US$ 29,77 milhões em setembro, altas de 4,3% em pares e 19,9% em dólares frente ao mesmo mês de 2012.

No acumulado, os cearenses, que continuam ocupando o segundo posto entre os exportadores,

embarcaram 37,9 milhões de pares que geraram US$ 227,9 milhões, números 14,2% superiores em pares e 0,2% inferiores em dólares no comparativo com o mesmo período do ano passado.

No mês nove os gaúchos foram ultrapassados pelo Ceará, mas ainda seguem como os principais exportadores de calçados do Brasil no ano. No mês passado o Rio Grande do Sul embarcou 1,16 milhão de pares pelos quais recebeu US$ 25,8 milhões, alta de 2,1% em receita e queda de 0,3% em pares no comparativo com o resultado de setembro de 2012.

Já no acumulado os exportadores gaúchos enviaram 12,1 milhões de pares pelos quais receberam US$ 290 milhões, altas de 9% e 1%, respectivamente, ante o mesmo período do ano passado.

O São Paulo foi o terceiro maior exportador de setembro, com 935 mil pares embarcados e um rendimento de US$ 12,28 milhões (aumento de 55% em pares e 5% em valores). No acumulado, os paulistas já embarcaram 7 milhões de pares que geraram US$ 107,13 milhões, valores 70,7% superiores em pares e 22,7% superiores em dólares no comparativo com o mesmo período de 2012.

O destaque positivo do mês de setembro fica com Pernambuco, que aumentou seus embarques em 125,3% em pares (de 200 mil para 451,6 mil) e 140% em valores (de US$ 477,6 mil para US$ 1,14 milhão) no comparativo com o mesmo mês de 2012. Nos nove meses deste ano os pernambucanos já enviaram 4,17 milhões de pares pelos quais receberam US$ 9,94 milhões, incrementos de 35,2% e 40,7%, respectivamente, frente aos mesmos nove meses do ano passado.

Importações do Cambodja aumentam 536%; do Paraguai quase 280%

As importações, que seguem em alta, continuam sendo mais de 70% provenientes de Vietnã e Indonésia. O primeiro, que aumentou seus embarques em 18,8% em pares (chegando a 13,3 milhões) e 15% em dólares (US$ 241,3 milhões) nos nove meses do ano, segue na ponta como a principal origem do calçado importado.

A Indonésia, que entre janeiro e setembro já vendeu 5,15 milhões de pares (aumento de 9,1% frente a 2012) pelos quais foram pagos US$ 84,95 milhões (aumento de 3,8%), segue como a segunda principal origem do calçado que entra no Brasil.

A China aparece em seguida tendo embarcado 8,3 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 49,8 milhões, queda de 6,8% em pares e aumento de 8,3% em valores no comparativo com o mesmo período de 2012.

A Itália é a quarta principal origem do calçado que entra no Brasil, tendo embarcado 122,6 mil pares pelos quais foram pagos US$ 14,34 milhões, aumento de 58,5% em pares e 49,2% em valores no comparativo com os mesmos nove meses do ano passado.

Suspeita

Apesar de ainda não figurarem entre as quatro principais origens das importações, os calçados provenientes do Cambodja e Paraguai seguem galgando espaço nas vitrines brasileiras. Nos nove meses, os cambojanos, mesmo com uma indústria calçadista ainda em desenvolvimento, exportaram 1,1 milhão de pares para o Brasil, o que equivale a US$ 14,34 milhões (aumento de 462% em pares e 536% em valores com relação ao mesmo período de 2012).

Os paraguaios, também com uma fraca tradição na indústria calçadista, exportaram 455 mil pares no período, o que equivale a US$ 8 milhões. Os aumentos foram de 269% em pares e 279% em dólares com relação aos mesmos nove meses do ano passado.

O fato de ambos os países não terem tradição na indústria calçadista desperta suspeita da prática de elisão fiscal (triangulação ou circunvenção das importações), quando determinado país apenas recebe os calçados desmontados para mera montagem e recebimento do carimbo de origem, método utilizado para burlar barreiras tarifárias como o antidumping. A Abicalçados alerta que o calçado pode ser, na realidade, proveniente da China.

Partes

As importações de partes de calçados (cabedais e demais componentes) tiveram queda nos nove meses do ano. Entre janeiro e setembro entraram no Brasil o equivalente a US$ 68,15 milhões em partes (medidas em quilo) contra US$ 75,7 milhões no mesmo período de 2012. A queda foi de 10%. As origens seguem sendo China, Paraguai, Índia e Indonésia.

Avaliação

Para o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein, os números confirmam a  tendência de queda nas exportações e crescimento das importações. Neste caso, a preocupação maior reside no fato de que o Paraguai e o Cambodja não têm capacidade instalada para a fabricação de calçados que justifique os volumes registrados como desta origem.

 “Assim, estas importações devem ser de outra origem, provavelmente chinesa, e esta triangulação tem o claro propósito de escapar da aplicação do direito antidumping que vigora no Brasil”, alerta, acrescentando que a Abicalçados vem continuadamente denunciando este fato às autoridades e espera que providências efetivas sejam aplicadas.

Fonte: Assessoria de Imprensa Abicalçados/Brazilian Footwear

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