Da Redação
Brasília – Na contramão das previsões feitas pelos principais órgãos e agentes do comércio exterior, entre eles o Banco Central (BC), a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia elevou para US$ 55,4 bilhões sua expectativa em relação ao superávit a ser alcançado pela balança comercial brasileira em 2020. Em abril, a Secex projetava um saldo de US$ 46,6 bilhões. Agora, o órgão prevê um superávit US$ 7,3 bilhões maior.
A nova projeção para o saldo comercial foi anunciada hoje (1) durante a apresentação dos dados da balança comercial do primeiro semestre pelo secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz. Segundo ele, a forte alta nas vendas do agronegócio para os países asiáticos somada ao desaquecimento das economias brasileira e internacional foram os motivos que levaram o governo a rever suas previsões para a balança comercial neste ano.
Agora o governo projeta exportações no total de US$ 202,5 bilhões e importações da ordem de US$ 147,1 bilhões. Apesar de mostrar otimismo quanto ao superávit comercial a ser alcançado pelo país neste ano de pandemia, Lucas Ferraz admitiu a possibilidade de que o cenário no qual o governo baseou para refazer seus cálculos possa vir a se modificar: “mudanças poderão ocorrer devido à grande incerteza sobre o que acontecerá em termos globais. Já existe, por exemplo, uma sinalização de que a economia começa, timidamente, a dar sinais de recuperação a partir deste mês”, afirmou o secretário de Comércio Exterior.
De acordo com os dados divulgados pela Secex, as exportações brasileiras caíram para os principais mercados, à exceção da China, maior parceiro comercial do Brasil, que aumentou em 14,9% as importações de produtos brasileiros no primeiro semestre do ano. As quedas mais fortes envolveram destinos como os Estados Unidos (31,6%), Argentina (28,1%), Europa (6,8%) e Oriente Médio (29,7%).
Apesar dessas reduções expressivas nas vendas para alguns dos maiores parceiros comerciais do Brasil, Lucas Ferraz vê motivos para um certo otimismo com relação ao comportamento do comércio exterior brasileiro em 2020. Segundo ele, os resultados atuais são fortemente impactados pela queda vertiginosa dos preços internacionais, mas ele acredita que “há uma demanda pelo consumo de alimentos, principalmente da Ásia. Mesmo em situações de crise, os países consumidores continuam comprando alimentos”, concluiu.