Brasília – O vice-presidente da FecomércioSP, Rubens Medrano, defende uma maior abertura dos canais de comercialização do Brasil com a Índia, país que, em sua opinião, tem todas as condições de representar para o Brasil aquilo que hoje representa a China, principal parceiro comercial do Brasil em todo o mundo.
Segundo ele, “a Índia é um grande parceiro, para o qual nós temos que voltar os nossos olhos e procurar estar presentes lá, buscando não chegar tarde nesse importante mercado, como aconteceu com outros países”.
Na percepção do executivo da FecomércioSP, a Índia tem um potencial imenso de comércio com o Brasil e poderá se transformar em um grande mercado para os produtos brasileiros, a exemplo do que há anos acontece com relação à China: “a Índia vem crescendo entre 4% e 5% ao ano e espera-se que nos próximos dez anos venha a crescer numa taxa anual de 7%. Além disso, é um país que domina avançadas tecnologias, dotado de uma indústria farmacêutica do mais alto nível e é grande fornecedor de insumos para a indústria farmacêutica nacional. Trata-se, portanto, de um grande parceiro e que em termos populacionais ultrapassou a China como nação mais populosa do planeta”.
Rubens Medrano reconhece a existência de um contencioso entre o Brasil e a Índia envolvendo as exportações de açúcar, que levou o Brasil, juntamente com a Guatemala e Austrália a abrirem, em 2019, um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os indianos. O painel foi concluído em 2021 com uma recomendação para que Nova Deli retirasse os subsídios ao setor de açúcar e se adequasse às regras da entidade. Para Medrano, essa divergência não é um empecilho ao fortalecimento das relações comerciais com os indianos. Segundo o vice-presidente da FecomércioSP, “esse é um problema que pode ser resolvido”;
Ao analisar o momento atual e perspectivas do intercâmbio indiano-brasileiro, Rubens Medrano, destaca que o Brasil tem, em relação à Índia, uma grande facilidade comparativamente com a China: “na Índia, se fala o idioma universal, o inglês, enquanto na China se fala o mandarim. O idioma é um fator relevante no fortalecimento dos laços comerciais entre países. E existem outros fatores que podem contribuir para que o Brasil procure estar mais presente no mercado indiano”.
O executivo defende uma maior presença do Brasil não apenas na Índia, mas também em outros países asiáticos, como a Coreia do Sul, Malásia, Tailândia, Vietnã e Taiwan. Mas para intensificar as relações com esses países, afirma, “é necessário que a indústria brasileira se modernize para ter condições de competitividade”.
Rubens Medrano cita especificamente o caso da indústria automobilística: “o parque automotivo brasileiro está totalmente desatualizado e hoje assistimos ao crescimento exponencial da produção dos carros elétricos em países como a China e o Brasil tem grandes reservas de lítio, matéria-prima para a fabricação das baterias. Além disso, temos um ambiente de negócios amigável, mas para acelerar o processo de aproximação com esses países precisamos, entre outras medidas, da aprovação da reforma tributária”.