Brasília – A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia (ME) passará a divulgar mensalmente séries de dados de exportação e importação com ajuste sazonal. A modalidade adicional de divulgação ficará disponível na página das demais estatísticas de comércio exterior e seguirá o mesmo cronograma de divulgação dos dados consolidados.
O ajuste sazonal é uma técnica estatística para medir e remover influências de padrões cíclicos e sazonais com efeitos previsíveis em uma série temporal. Diversos indicadores econômicos são ajustados sazonalmente, tais como produção industrial, contas nacionais, séries monetárias e de crédito, por exemplo. Da mesma forma, as séries temporais de comércio exterior podem ser analisadas com ajuste sazonal, permitindo uma visão mais precisa das variações mês a mês e removendo a influência dos movimentos sazonais.
Organismos internacionais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Organização Mundial do Comércio (OMC) e diversos outros países divulgam estatísticas de comércio exterior ajustadas sazonalmente.
“Ao longo de um ano, as exportações e importações sofrem flutuações devido a eventos sazonais, incluindo mudanças no clima, colheitas, feriados e períodos de férias”, afirma o secretário de Comércio Exterior do ME, Lucas Ferraz. “Tais eventos influenciam tanto o Brasil quanto os países parceiros. Como esses eventos sazonais seguem um padrão razoavelmente regular a cada ano, sua influência nas tendências dos fluxos de comércio pode ser eliminada ajustando sazonalmente as séries mês a mês, ou trimestre a trimestre”, completa.
Até o presente momento, as comparações dos resultados mensais ou trimestrais de exportação e importação são realizadas principalmente em relação ao mesmo período do ano anterior, considerando a média diária por dia útil. Tal abordagem também possui o objetivo de mitigar efeitos sazonais para permitir uma comparação mais precisa.
Entretanto, mudanças relevantes podem ocorrer em um período de doze meses, prejudicando a observação mais acurada da situação de curto prazo do comércio. Um exemplo dessas mudanças é a atual pandemia da covid-19. Com a incidência da pandemia, a observação dos dados de comércio em relação a 12 meses atrás é pouco precisa para apontar a trajetória recente do comércio. Nessas situações, o mais indicado para se observar os rumos do comércio exterior brasileiro é comparar os resultados com o mês imediatamente anterior. Para viabilizar essa comparação, é necessário que seja feito ajuste sazonal dos dados.
Segundo o secretário, as novas séries com ajuste sazonal propiciam uma visão mais precisa dos movimentos do comércio exterior do país e qualificam ainda mais as divulgações de dados realizadas pela Secex. Assim, “o Brasil alcançará aderência ainda maior às recomendações do manual internacional de referência para compilação e disseminação das estatísticas de comércio exterior, International Merchandise Trade Statistics”, explica Ferraz.
Método utilizado
Em linha com as técnicas utilizadas por diversos órgãos internacionais e nacionais que compilam as estatísticas de comércio exterior, a Secex/ME optou pelo software X13-ARIMA-SEATS, desenvolvido e distribuído gratuitamente pelo U.S. Census Bureau. Resumidamente, o processo de ajuste sazonal consiste nas etapas de (i) pré-ajuste para identificação de efeitos calendários e outliers, (ii) obtenção da série ajustada sem sazonalidade (método X11), e (iii) avaliação da qualidade do ajuste sazonal realizado. A metodologia completa pode ser consultada na própria página de divulgação das séries de preço, quantum e ajuste sazonal.
As séries dessazonalizadas, bem como os índices de preço e quantum, seguem o mesmo padrão de revisões ordinárias das séries mensais como descritas no Manual de utilização dos dados de comércio exterior. A metodologia de ajuste sazonal será analisada continuamente pelas equipes técnicas no intuito de sempre manter aderência às melhores técnicas e padrões utilizados nos escritórios oficiais de estatísticas, tanto no Brasil quanto no mundo.
Por fim, a Secex/ME destaca que se tratam de informações novas, suplementares, e as publicações atuais e anteriores não sofrerão qualquer tipo de alteração.
(*) Com informações da Secex/Ministério da Economia