Mercados da América Latina e do Caribe são invadidos por veículos de nova energia da China

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Da Redação (*)

Brasília – Nas movimentadas ruas das cidades da América Latina e do Caribe, uma revolução automobilística silenciosa está em andamento: os barulhentos motores a gasolina estão sendo substituídos pela condução suave e quase imperceptível dos veículos de nova energia (NEVs). Na vanguarda dessa transformação rumo à mobilidade verde está o aumento significativo da presença de NEVs fabricados na China, que estão ganhando mercados e interesse dos usuários na região.

O crescimento da demanda é visto em exportações significativas de veículos elétricos. Em 27 de abril, o BYD Shenzhen, o maior navio transportador de NEVs do mundo, desenvolvido inteiramente pela China, partiu em sua viagem inaugural com mais de 7 mil carros da fabricante chinesa BYD para o Brasil.

“É mais do que apenas um navio de transporte, servindo como uma ‘ponte marítima’ que conecta a inovação chinesa ao mercado global, permitindo que usuários de todo o mundo compartilhem os benefícios da tecnologia chinesa”, disse Wang Junbao, gerente-geral do departamento de negócios públicos da empresa chinesa.

BYD figura no Top 5 de vendas no Brasil

A BYD tem uma forte presença no Brasil. De acordo com o site oficial da empresa, o mês de março consolidou o sucesso de suas estratégias de mercado no Brasil, com a marca entre as cinco maiores vendas no varejo naquele mês, alcançando 6.881 unidades e uma participação de mercado de mais de 8,3%, a melhor desde sua chegada ao país.

Além do Brasil, o México também experimentou um aumento na aceitação e na demanda por veículos elétricos fabricados na China. De acordo com dados divulgados pela Associação Chinesa de Fabricantes de Veículos Automotores (CAAM, sigla em inglês), o México se tornou o sexto maior importador de veículos elétricos chineses em todo o mundo durante os três primeiros trimestres de 2024.

“A indústria automotiva chinesa evoluiu rapidamente em sua capacidade de fabricação, tornando-se a maior fabricante do mundo”, disse Guillermo Rosales Zarate, presidente da Associação Mexicana de Distribuidores Automotivos.

Sun Xiaohong, secretário-geral do Comitê Profissional de Internacionalização Automotiva da Câmara de Comércio da China para Importação e Exportação de Máquinas e Produtos Eletrônicos, observou que as exportações chinesas de NEVs para o mercado latino-americano tiveram um aumento considerável.

“Por um lado, isso se deve às políticas do mercado local. Países latino-americanos como o México e o Brasil estão desenvolvendo vigorosamente a indústria de NEVs e impulsionando a transformação verde do setor. Por outro lado, os NEVs chineses são de boa qualidade e baixo preço, e gozam de grande popularidade entre os consumidores locais no mercado latino-americano”, disse Sun.

China, maior exportador de automóveis pelo segundo ano consecutivo

exportações de automóveis da China estão atendendo às demandas. Em 2024, o país exportou mais de 6,4 milhões de unidades, permanecendo como o maior exportador de automóveis do mundo pelo segundo ano consecutivo, de acordo com a Administração Geral das Alfândegas da China.

De acordo com os dados da CAAM, o setor de NEV da China ganhou força na produção e nas vendas durante o primeiro trimestre de 2025, com a produção aumentando 50,4% em termos anuais, chegando a 3,18 milhões de unidades. As exportações automotivas do país mantiveram um ritmo de crescimento constante, com as exportações de NEV aumentando 43,9% anualmente, para 441 mil unidades.

“A China está impulsionando o mercado automotivo e está mais avançada na tecnologia de veículos elétricos. Não é mais uma competição; ela está à frente de todos. O crescimento econômico constante da China ano a ano nos dá confiança para fazer negócios com o mercado”, disse Divanildo Pimentel, gerente-geral do Grupo Parvi do Brasil.

A adoção de veículos elétricos de passageiros na América Latina tem sido lenta há muito tempo, atrasada pelos altos preços iniciais de carros elétricos. No entanto, com a chegada de modelos chineses acessíveis de fabricantes como a BYD, a adoção de veículos elétricos está se acelerando.

Além do México e do Brasil, os veículos elétricos chineses também estão vendendo bem em países da América Central e do Sul, como Costa Rica, Uruguai e Colômbia, disse Sun.

Integração na cadeia de suprimentos da América Latina

As montadoras chinesas têm se destacado não apenas por sua alta relação custo-benefício e ampla gama de modelos, mas também por suas estratégias de localização rápida e profunda. Tendo começado com vendas e fabricação locais, as marcas chinesas de veículos elétricos estão agora acelerando sua integração na cadeia de suprimentos da América Latina. Esses investimentos não estão apenas impulsionando a modernização da indústria de manufatura local na América Latina, mas também promovendo a criação de empregos e o desenvolvimento de talentos na região.

Em 2022, a Great Wall Motor concluiu a aquisição de sua fábrica de automóveis na cidade de Iracemápolis, no estado brasileiro de São Paulo, e anunciou um investimento de 10 bilhões de reais (US$ 2,1 bilhões) no Brasil, nos próximos 10 anos, para criar cerca de 2 mil empregos locais.

Atualmente, as marcas chinesas no mercado de veículos elétricos na América Latina não se limitam apenas a veículos de passeio, mas também estão acelerando a presença em outros setores, como transporte público, táxis e logística.

Vale destacar que os ônibus elétricos das empresas chinesas BYD, Zhongtong e Yutong já estão em operação em várias cidades do Chile, enquanto os veículos elétricos econômicos da Changan e da Chery estão se mostrando populares entre os jovens consumidores urbanos.

(*) Com informações da Agência Xinhua

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