Exportações de couros caem 13% e setor vislumbra dificuldades para o 2º semestre

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São Paulo – As exportações brasileiras de couros no mês de julho totalizaram US$ 143,91 milhões e foram inferiores em 13% ao volume exportado no mês de junho. A totalização dos sete primeiros meses do ano atinge US$ 1,02 bilhão, superiores em 74% ao volume exportado em igual período do ano passado. Apesar disso, representantes do setor já trabalham com a possibilidade de terem pela frente um segundo semestre com dificuldades. Os dados acima são do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com base no balanço da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (MDIC).

“Mesmo com o crescimento no período, os embarques até julho foram 16% abaixo do registrado em 2008, resultado da lenta recuperação dos principais mercados compradores do produto nacional”, afirma o presidente do CICB, Wolfgang Goerlich. Em sua opinião, a receita aponta para uma perspectiva de exportação ao redor de US$ 1,7 bilhão, além de um segundo semestre com maior grau de dificuldade para as empresas.

O executivo observa que este valor representa um aumento de quase 50% ante as vendas externas de 2009, mas muito aquém do patamar das exportações em 2007, o ano pré-crise, quando atingiram o montante US$ 2,2 bilhões.

Além do complexo panorama internacional, Goerlich salienta que a competitividade brasileira também é seriamente atingida por fatores internos como a sobrevalorização do real em relação ao dólar, a excessiva carga tributária, os juros altos, a falta de crédito, a excessiva burocracia, além dos gargalos logísticos e de transporte.

Segundo o presidente da entidade, a indústria brasileira, uma das maiores exportadoras mundiais de couros, vem se esforçando para  diversificar cada vez mais seus mercados e aumentando a oferta de produtos mais sofisticados, de maior valor agregado. Simultaneamente, o segmento curtidor vem reforçando ações para destacar o couro nacional no exterior, a exemplo da bem-sucedida campanha “Brazilian Leather”.

O programa, conduzido pelo CICB em parceria com a Apex-Brasil, agência vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, renovado em julho, tornou-se uma referência no setor e seus resultados positivos já influenciam expressivamente a imagem do nosso couro e as vendas externas, afirma Wolfgang Goerlich.

China, Itália, Hong Kong e EUA, os principais mercados

De janeiro a julho de 2010, os principais mercados do couro brasileiro foram a China, com US$ 229,27 milhões (22,4% de participação e aumento de 67%), país que assumiu o primeiro lugar de destino do produto nacional; Itália, com US$ 226,83 milhões (22,16% de participação e crescimento de 70% ante o período anterior), Hong Kong (US$ 122,45 milhões, 11,96% de participação e elevação 54%), e Estados Unidos, US$ 107,1 milhões (10,46% e salto de 126%).

No acumulado do ano, Vietnã (US$ 30,1 milhões), Alemanha (US$ 29,68 milhões), México (US$ 23,98 milhões), Indonésia (US$ 23,5 milhões), Coréia do Sul (US$ 21 milhões), Holanda (US$ 20 milhões), e Tailândia (US$ 17,73 milhões) foram outros importantes destinos das exportações brasileiras.

Entre outros países que aumentaram as aquisições do couro nacional no período, destacam-se: Hungria que aumentou 205%, importando US$ 10,32 milhões; Uruguai (41,84 vezes, US$ 7,44 milhões) e Cingapura (11,38 vezes, US$ 7,1 milhões). Outros dois países também importaram mais peças do Brasil: Grécia, que comprou 11,76% a mais, US$ 331,4 mil; e Croácia (11,17 vezes, US$ 109,5 mil).

Ranking dos estados

O balanço das vendas externas de couros dos estados brasileiros nos sete meses do ano ante o mesmo período de 2009 reafirma a liderança de São Paulo como maior exportador nacional (US$ 306,17 milhões, participação de 29,91% e aumento de 116%), seguido pelo Rio Grande do Sul (US$ 258,35 milhões, participação de 25,24% e crescimento de 60%), Ceará (US$ 100,6 milhões, 9,83% e crescimento de 63%), Paraná (US$ 92,82 milhões, 9% e aumento de 90%).

Os demais estados são Bahia (US$ 62,97 milhões), Mato Grosso (US$ 62,77 milhões), Mato Grosso do Sul (US$ 37,43 milhões), Goiás (US$ 33,80 milhões), Pará (US$ 20,56 milhões) e Minas Gerais (US$ 17,62 milhões). Cabe ressaltar o crescimento significativo no período das exportações do Pará (301%), Santa Catarina (86%, US$ 13,75 milhões), Rondônia (85%, US$ 9,6 milhões) e Sergipe, que aumentou 14.6 vezes, saltando de US$ 54,77 mil para US$ 800 mil.

Fonte: Secex/MDIC/CICB

Couro movimenta PIB estimado em US$ 3,5 bilhões

O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) é uma entidade federativa que representa, há 53 anos, cerca de 800 empresas de produção e processamento de couro. O complexo industrial emprega cerca de 50 mil pessoas, movimenta um PIB estimado em US$ 3,5 bilhões, exportou US$ 1,16 bi em 2009, contribuindo em 7% para o saldo da balança comercial brasileira. Já a cadeia produtiva do couro que abrange os setores de curtumes, calçados, componentes, máquinas e equipamentos para calçados e couros, artefatos e artigos de viagem em couro, reúne 10 mil indústrias, gera mais de 500 mil empregos e movimenta receita superior a US$ 21 bilhões de dólares por ano.

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