São Paulo – As exportações brasileiras de carne halal, que segue as normas islâmicas, cresceram 447% em faturamento e 76% em volume nos últimos dez anos e somaram US$ 1,5 bilhão em 2012. De acordo com o Workshop Halal Brasil, realizado nesta terça-feira (11) em Brasília, este mercado ainda tem muito espaço para crescer e as empresas brasileiras podem aproveitar esta oportunidade.
O evento foi promovido pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), pela Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil).
De acordo com o diretor executivo da Abiec, Fernando Sampaio, o mercado muçulmano de carnes está crescendo e hoje representa quase um terço das exportações brasileiras de carne. “Promovemos este evento para mostrar como o abate halal é feito no Brasil, com credibilidade e garantia”, afirmou Sampaio. O Workshop também esclareceu dúvidas sobre os procedimentos de abate halal a uma plateia formada por embaixadores, representantes do governo brasileiro e de empresas.
No evento, a Abiec apresentou o lacre eletrônico, um dispositivo desenvolvido em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o Ministério da Agricultura, o Instituto de Tecnologia de Software e a Ceitec, que fabrica semicondutores.
Este lacre é equipado com um chip e permite que um contêiner com carne bovina seja liberado pelos órgãos fiscalizadores em aproximadamente 1h30 a partir do momento em que chega no porto. Um projeto experimental feito no Porto de Santos em abril mostrou que, por este método, a carga é liberada 57 horas antes do que se for utilizada a documentação em papel, que precisa ser encaminhada para um escritório do Ministério da Agricultura antes de ser liberada.
No caso da carne halal, o chip conterá as informações básicas sobre o contêiner (como tipo de carne, data em que foi processada e registros da unidade produtora) e os dados relacionados ao abate halal, com o relatório do fiscal que acompanhar o processo. “Isso aumenta a informação e a credibilidade da carne brasileira”, afirmou Sampaio.
Em um mês o lacre eletrônico sem as informações do abate halal será implantado comercialmente nos portos brasileiros. Sampaio afirma que para o produto halal serão necessários mais 45 dias, aproximadamente, porque é preciso fazer alterações nos sistemas das instituições que certificam a origem da carne brasileira para os clientes muçulmanos. “As empresas e representantes de países que estiveram no workshop demonstraram interesse em acompanhar como o lacre eletrônico será adotado no Brasil, pois esta é uma iniciativa inédita no mundo”, disse Sampaio.
Abate halal
Diversos produtos precisam seguir as regras halal, determinadas pelo Islamismo, para que possam ser consumidos pelo muçulmano. No caso da carne bovina, o abate halal determina que o animal esteja saudável, seja executado apenas por um muçulmano e que o sangue seja completamente retirado do animal. Deve ser feito também de forma que o bovino tenha o menor sofrimento possível. O procedimento precisa ser fiscalizado por um muçulmano.
De acordo com a Abiec, em 2012 o Brasil exportou 367 mil toneladas de carne bovina para 38 países muçulmanos do Oriente Médio, Norte da África e Ásia. Em 2012, os principais compradores da carne halal brasileira foram Egito, Irã, Arábia Saudita, Líbano, Líbia, Angola, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, Argélia e Kuwait.
Fonte: ANBA