Brasília – O Brasil deve fechar a balança comercial de 2010 acumulando um deficit entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões com os Estados Unidos, proporcionando aos americanos o maior superávit comercial obtido pelo país com qualquer de seus mais importantes parceiros comerciais em todo o mundo. Este ano, a exemplo do que vem acontecendo ultimamente, os Estados Unidos registrarão deficits expressivos com países como a China, Japão e Alemanha, entre outros.
Dado divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que o governo americano vem alcançando êxito em sua estratégia de considerar o Brasil um dos mercados prioritários para os Estados Unidos, obedecendo ao que foi estabelecido em um plano detalhado por técnicos do Departamento de Comércio americano e divulgado pelo presidente Barack Obama. O projeto tem por objetivo principal dobrar as exportações do país em cinco anos.
De acordo com os dados do MDIC, de janeiro a outubro, o superávit acumulado pelos Estados Unidos no intercâmbio com o Brasil totalizou US$ 6,813 bilhões, superando folgadamente os US$ 4,430 bilhões de saldo acumulado pelos americanos em todo o ano passado. E o superavit americano segue uma curva ascendente: no mês de janeiro foi de apenas US$316 milhões e mais que triplicou em outubro, quando somou US$ 1,072 bilhão.
Esses números são consequência do forte crescimento das exportações americanas para o Brasil, que aumentaram a uma taxa de 34,01% nos dez primeiros meses deste ano. No mesmo período, as vendas brasileiras para os Estados Unidos cresceram apenas 20,84%. Esses percentuais de crescimento em ambos os lados do intercâmbio revelam uma mudança significativa no panorama vigente até 2009, ano em que tanto as exportações brasileiras (-43,11%) quanto as americanas (-21,84%) tiveram queda acentuada se comparadas com o ano de 2008.
Mercado prioritário
Por determinação expressa do presidente Obama, o Brasil deverá merecer cada vez mais atenção dos Estados Unidos como mercado prioritário para o país. Prova disso é o fato de que em um relatório de 74 páginas entregue ao presidente por uma equipe técnica do Departamento de Comércio que trabalha no esforço para fazer com qjue as exportações americanas passem de US$ 1,57 trilhão em 2009 para US$ 3,14 trilhões em 2015, o Brasil é citado 25 vezes, perdendo apenas para a China, com 34 menções.
Especialistas americanos em comércio exterior reconhecem que essa meta de dobrar as exportações pode ser demasiadamente ambiciosa, especialmente em um mundo marcado pela lenta recuperação de economias importantes como as da União Europeia e do Japão.
Para alcançar a meta seria necessário que as exportações americanas crescessem a uma taxa de pelo menos 15% ao ano, o que no atual cenário parece impossível. Entre os grandes parceiros americanos apenas o Brasil, que este ano ampliou em 34,01% a importação de produtos americanos possibilitou aos Estados Unidos superar folgadamente esse percentual.
Referindo-se especificamente ao Brasil, o relatório destaca o forte crescimento do país, que cria boas oportunidades de exportação. De acordo com o documento, “o Departamento de Comércio identificou os países cujo crescimento deverá aumentar substancialmente nos próximos doze meses (Brasil, Índia e China), para direcionar a eles as suas missões comerciais”.
Ainda segundo o relatório, “o Brasil tornou-se parceiro prioritário do Eximbank, o banco que financia exportações de empresas americanas, ao lado de oito economias, como o México, a Índia e a Nigéria. Na exportação de serviços, o foco são os turistas brasileiros que visitam os Estados Unidos em número cada vez mais expressivo e que constituem uma importante fonte de ingressos de divisas do país nesse segmento cada vez mais relevante para a economia americana”.