Da Redação
Brasília – O Brasil deve buscar uma maior diversificação da pauta exportadora para o Vietnã, atualmente bastante concentrada em produtos de menor valor agregado como o complexo soja, minério de ferro e insumos para a indústria calçadista e de vestuário. Essa é uma das conclusões do Estudo País – Vietnã, elaborado pela Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
O documento destaca ainda que “embora as relações comerciais tenham se intensificado nos últimos vinte anos, a posição do Vietnã no comércio exterior do Brasil ainda está aquém do seu potencial. Em 2022, embora tenha sido o principal fornecedor brasileiro do Sudeste Asiático, o Vietnã ficou atrás de Singapura, Malásia e Tailândia como destino das exportações brasileiras na região”.
Oportunidades comerciais
O estudo da ApexBrasil identificou 296 produtos com oportunidades de exportação para o Vietnã, incluindo algodão, couro, minério de ferro, trigo, soja, madeira, máquinas e alimentos e bebidas.
As importações vietnamitas de produtos alimentícios e animais vivos em 2022 somaram US$ 10,9 bilhões, dos quais 11,6% foram fornecidos pelo Brasil. O estudo apontou a existência de 46 produtos brasileiros que podem ser vendidos para o país asiático, com destaque para farelos de soja, trigo e centeio e carnes de aves.
Em matérias em bruto, não comestíveis, exceto combustíveis, dos quais o Vietnã importou US$ 9,3 bilhões, 45 produtos podem gerar novas exportações para o Brasil. Entre outros, algodão em bruto, minérios de ferro e soja.
E se o Brasil pretende diversificar sua pauta exportadora para o Vietnã, a ApexBrasil encontrou 75 produtos entre os artigos manufaturados, classificados principalmente pelo material, com oportunidades de negócios naquele país. São itens como couro, papel e cartão e materiais de construção, bens em que as importações vietnamitas totalizaram US$ 7,9 bilhões e dos quais a participação brasileira se limita a apenas 1,6%.
Igualmente relevantes são as oportunidades que o Vietnã oferece no segmento de máquinas e equipamentos de transporte, setor em que as importações somaram US$ 5,9 bilhões, com uma participação de mercado brasileira de inexpressivo 0,2% em negócios envolvendo máquinas e aparelhos elétricos, equipamentos de construção e equipamentos para distribuição de energia elétrica.
Classificados como “Outros”, uma categoria que tem como destaque produtos como polímeros de etileno, matérias plásticas em formas primárias e compostos de função nitrogênio, o setor oferece, de acordo com o estudo da ApexBrasil, oportunidades de negócios envolvendo 89 produtos, dos quais as importações vietnamitas totalizaram em 2022 US$ 9,8 bilhões, dos quais apenas 0,9% foi fornecido por empresas brasileiras.
Pauta concentrada em commodities
De acordo com o estudo da ApexBrasil, em 2022, a pauta exportadora brasileira para o Vietnã foi composta, principalmente, de commodities, com destaque para farelos de soja, soja, algodão em bruto e milho, que, em seu conjunto, foram responsáveis por mais de 72% do valor exportado.
Entre 2018 e 2022, segundo o estudo, as exportações para o Vietnã tiveram crescimento médio anual (CMA) de 15,3%, uma alta acima da média nacional. Quase todos os principais grupos de produtos exportados tiveram crescimento positivo no período, com destaque para farelos de soja, soja, algodão, trigo, especiarias e carnes suína e bovina, cujas taxas superaram a média do produto.
E embora tenha tido uma participação de apenas 1,2% no mercado vietnamita em 2021, último ano para o qual há dados disponíveis, o Brasil foi competitivo em suas três principais exportações, destacando-se como primeiro ou segundo maior fornecedor de farelos de soja, soja e algodão para o Vietnã.
Bens de alto valor agregado
Ao contrário do Brasil, as exportações vietnamitas são marcadas pela predominância dos bens de maior valor agregado, com destaque para equipamentos de telecomunicações, componentes eletrônicos, calçados e pneus de borracha.
De acordo com dados do International Trade Center (ITC), o Vietnã foi o segundo maior exportador mundial de smartphones em 2022, responsável por 13,3% do valor total exportado desse bem, atrás apenas da China.
Por outro lado, apesar de ser o segundo maior exportador mundial de calçados, o Vietnã foi o principal fornecedor desse produto ao Brasil em 2022l, à frente da China, sua principal concorrente nesse setor, tanto no Brasil quanto no mundo.
Investimentos
Os registros do Banco Central não indicam a existência de investimentos do Vietnã no Brasil e em relação aos investimentos brasileiros naquele país, a JBS Couros anunciou a expansão de sua planta em Ho Chi Minh em 2018, assim como a abertura de um showroom na mesma cidade em 2019, com investimentos de US$ 15 milhões.
Já a Ásia Shipping, empresa de logística e transporte sediada em Campinas, anunciou a abertura de um escritório de transporte de cargas, também na cidade de Ho Chi Minh, em dezembro de 2015, com um valor estimado de mais de US$ 43 milhões, e a criação de cerca de 200 postos de trabalho no país do sudeste asiático.
