Brasília – A mosca-da-carambola é uma das espécies de moscas-das-frutas de maior gravidade para a economia da fruticultura brasileira. Atualmente, ela é considerada a febre aftosa do setor, pela capacidade de afetar a produtividade, a qualidade do produto e, consequentemente, de colocar em risco as exportações do país. A praga, cujo nome é bactrocera carambolae, ataca várias espécies frutíferas, tais como: carambola, manga, caju, laranja, acerola, tangerina, jambo, e, até mesmo, banana.
No Brasil, ela foi identificada pela primeira vez em 1996, no município de Oiapoque, (AP), no extremo Norte do país. Anos depois, a praga chegou a ser encontrada também no Pará e em Roraima. Hoje, sua maior ocorrência está no estado do Amapá. O temor, agora, é que a mosca-da-carambola avance para as regiões produtoras de frutas, especialmente no Vale do São Francisco.
Para evitar a disseminação para o resto do país, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP) elaboraram projeto para a erradicação da mosca-da-carambola. A proposta foi apresentada, nesta terça-feira (27/08), em Brasília, para os membros da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
De acordo com o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa, Marcus Coelho, o objetivo é erradicar de vez a praga no Brasil, especialmente nas fronteiras da região Norte, e acabar com os problemas de acesso aos novos mercados, já que a disseminação da mosca-da-carambola levaria ao fechamento dos principais mercados compradores de frutas do Brasil.
“Viemos apresentar o projeto e receber contribuições do setor produtivo, como forma de aprimorar as ações, para que os encaminhamentos sejam feitos imediatamente e, no prazo de 15 anos, solucionemos o problema”, explicou.
Para a pesquisadora da Cepea/USP, Silvia Helena Miranda, o projeto traz a metodologia, a viabilidade econômica, o controle e o beneficio da erradicação da praga. Segundo ela, com o fim da mosca-da-carambola, o Brasil conseguirá manter os volumes de exportação de frutas como manga, laranja e goiaba; além de evitar prejuízos com frutas não exportadas; aumento do custo de produção de fruticultura em razão do uso de defensivos; perdas de produtividade, e despesas adicionais do governo. “Além de evitar que a praga chegue a áreas de produção de larga escala e causem grande impacto na economia”.
Coelho acrescentou que nos estados onde há incidência da mosca-da-carambola não têm plantações comerciais, são mais familiares, de populações ribeirinhas. “É preciso de fato ação de governo, tanto regional quanto federal. E também a ajuda do setor privado”, frisou.
E concluiu falando das demandas prioritárias do projeto, tais como: estabelecer o programa internacional com a Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela; implementar ações integradas entre a União, por meio do Mapa; estados através das agencias de defesa agropecuária, e do setor privado, e incluir barreiras sanitárias no aeroportos, a fim de gerenciar o risco de introdução de pragas.
Exportação
O Brasil exporta cerca de 3% de sua produção total de frutas – quase 790 mil toneladas em 2015. Apenas como comparação, as exportações de açúcar chegam a 68%, as de café a 53% e as de milho a 28%. Tudo isso sem causar qualquer tipo de desabastecimento no mercado interno. O potencial de crescimento das exportações de frutas é gigantesco, mas as barreiras fitossanitárias ainda prejudicam o País.
Fonte: CNA