Da Redação (*)
Pequim – De portos movimentados cheios de mercadorias a arenas digitais repletas de novas oportunidades, a China e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) estão se unindo cada vez mais em uma parceria que promete prosperidade comum e um futuro compartilhado com potencial ilimitado.
Desde que estabeleceram uma relação de diálogo há mais de três décadas, a China e a ASEAN têm se mantido unidas e se apoiado mutuamente nos bons e maus momentos, desenvolvendo um modelo que caracteriza a cooperação mais dinâmica e frutífera da região Ásia-Pacífico e do mundo.
Como a segunda e a quinta maiores economias do mundo, respectivamente, a China e a ASEAN representam um quarto da população global, e seu compromisso com a cooperação ganha-ganha poderia oferecer estabilidade e crescimento para um mundo ofuscado pela crescente incerteza e fragmentação econômica.
COOPERAÇÃO GANHA-GANHA
Com que rapidez um durian fresco da Malásia pode chegar aos consumidores chineses a partir de seu pomar de origem? Esse tempo pode ser mais curto do que muitos imaginam.
Graças a uma rede de logística eficiente, bem como a uma inspeção rápida e procedimentos de liberação acelerados entre a China e o país do sudeste asiático, essa iguaria pode ser colhida e aparecer em um supermercado chinês a milhares de quilômetros de distância em apenas 24 horas – uma velocidade que permite aos consumidores saborear a fruta em seu estado mais fresco.
Cultivado no sudeste asiático tropical, o durian é conhecido como o “rei das frutas”, apreciado pelos consumidores por sua textura cremosa e aroma intenso.
O apetite da China por essa fruta espinhosa aumentou muito nos últimos anos, com suas importações atingindo um recorde de 1,56 milhão de toneladas em 2024, de acordo com dados alfandegários.
A história do durian é apenas um exemplo dos resultados frutíferos resultantes da cooperação ganha-ganha entre a China e a ASEAN. Os números e os fatos pintam o quadro de uma parceria em pleno florescimento.
Notavelmente, a China e a ASEAN têm sido os maiores parceiros comerciais uma da outra por cinco anos consecutivos. O valor do comércio bilateral aumentou de menos de US$ 8 bilhões em 1991 para quase US$ 1 trilhão em 2024. O investimento bilateral acumulado também tem crescido, tendo ultrapassado US$ 400 bilhões em julho de 2024.
Esse crescimento vigoroso ocorreu em meio aos esforços contínuos dos dois lados para melhorar a facilitação do comércio e dos investimentos, incluindo a atualização da Área de Livre Comércio China-ASEAN (CAFTA, na sigla em inglês).
Autoridades e analistas têm visto a CAFTA como uma pedra angular da cooperação econômica e comercial entre a China e a ASEAN, e esperam que a CAFTA atualizada leve essa função um passo adiante, abrindo mais setores para o comércio e o investimento e promovendo um maior alinhamento regulatório.
A China e a ASEAN concluíram substancialmente as negociações de atualização referentes à Versão 3.0 da CAFTA e “acreditamos que, com os esforços conjuntos da China e dos países da ASEAN, a cooperação econômica e comercial entre os dois lados certamente alcançará um novo e maior desenvolvimento”, disse nesta semana Lyu Daliang, porta-voz da Administração Geral de Alfândega da China.
VÍNCULO MAIS ESTREITO
A cerca de duas horas de carro do centro de Bancoc, perto do Porto de Laem Chabang, no leste da Tailândia, há uma zona industrial bem planejada, conhecida como zona industrial tailandesa-chinesa de Rayong.
Construída em conjunto pelo Holley Group da China e pelo Amata Group da Tailândia em 2006, essa zona industrial foi uma das primeiras instalações industriais chinesas no exterior, servindo como testemunha e contribuindo para a expansão da cooperação industrial entre a China e a ASEAN.
Atualmente, a zona industrial abriga 270 empresas, a maioria delas com investimento chinês, e atraiu um investimento combinado de mais de US$ 5,2 bilhões e gerou mais de 60.000 empregos locais, disse Zhao Bin, presidente da Thai-Chinese Rayong Industrial Realty Development Co.
Zhao vê a cooperação do Cinturão e Rota e a Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês) como catalisadores para o desenvolvimento da zona industrial, o que não apenas ajuda as empresas chinesas a investir no Sudeste Asiático, mas também facilita a transferência de tecnologia para a Tailândia e o desenvolvimento de habilidades na força de trabalho local.
A cooperação do Cinturão e Rota, a RCEP e vários outros acordos fortaleceram a parceria entre a China e os países da ASEAN, com os dois lados construindo um tecido econômico mais sólido e desbloqueando novos potenciais de desenvolvimento, disseram analistas.
Diversos projetos de infraestrutura estão tendo impactos positivos em toda a região, melhorando a conectividade e reduzindo os custos de logística.
No Laos, a ferrovia China-Laos, com mais de 1.000 km de extensão, que liga Vientiane, capital do Laos, a Kunming, capital da Província de Yunnan, no sudoeste da China, ajudou a converter o país sem litoral em um centro de ligação terrestre e facilitou significativamente o movimento transfronteiriço de pessoas e mercadorias desde que começou a operar em dezembro de 2021.
Na frente financeira, a ASEAN e a China também estão trabalhando para fortalecer a rede de segurança regional contra riscos financeiros. Uma cúpula ASEAN Mais Três, com a participação da ASEAN, China, Japão e República da Coreia, foi realizada no início deste mês em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a qual as autoridades financeiras chegaram a um consenso sobre o aprofundamento da coordenação de políticas e o fortalecimento das salvaguardas financeiras regionais.
Além disso, os esforços de colaboração abrangem uma ampla gama de atividades, com o florescimento de intercâmbios interpessoais e culturais, como cooperação educacional e acordos de viagens sem visto.
Kheang Hong Kry, um estudante cambojano que estuda engenharia elétrica na Universidade de Guangxi em Nanning, na Região Autônoma da Etnia Zhuang de Guangxi, no sul da China, ficou entusiasmado com a criação do Instituto de Energia China-ASEAN no mês passado. Chamando-o de “uma ponte” de aprendizado e cooperação, ele disse que o instituto dá aos estudantes internacionais acesso a conhecimentos de ponta nos setores de energia e potência da China, estabelecendo uma base para o desenvolvimento de suas futuras carreiras.
NOVAS FRONTEIRAS DE COOPERAÇÃO
Campos emergentes, como economia digital, inteligência artificial, veículos elétricos e energia limpa, estão aumentando a cooperação mutuamente benéfica entre a China e a ASEAN.
No Vietnã, os drones agrícolas fabricados na China estão ajudando os agricultores a pulverizar pesticidas, tornando seu trabalho mais fácil e seguro, enquanto no Porto de Laem Chabang, na Tailândia, os caminhões elétricos autônomos da China se tornaram parceiros confiáveis dos trabalhadores portuários. Além disso, a Proton, montadora nacional da Malásia, lançou seu primeiro modelo de veículo elétrico, que foi desenvolvido em conjunto com a montadora chinesa Geely. Na Indonésia, a usina de energia solar flutuante Cirata, construída por uma empresa chinesa, aumentou o fornecimento de energia renovável do país.
Dato’ Abdul Majid Ahmad Khan, presidente da Associação de Amizade Malásia-China, disse à mídia que os campos emergentes, como energia verde, veículos elétricos e tecnologia digital, deram um novo impulso para a expansão da cooperação entre os dois países.
Essa cooperação ajudará a Malásia a aumentar a produtividade, promover a transferência de tecnologia e treinar talentos, além de contribuir para o desenvolvimento e a prosperidade do país, disse ele.
Zhou Mi, pesquisador da Academia Chinesa de Comércio Internacional e Cooperação Econômica, observou que os laços estreitos entre a China e a ASEAN são de grande importância, não apenas para a Ásia, mas também para a comunidade internacional em geral.
Zhou disse que o aprofundamento da cooperação entre os dois lados facilitará efetivamente a complementaridade de suas respectivas vantagens. “Ele também fornece um modelo para a integração das regras econômicas e comerciais regionais, impulsionando efetivamente a globalização econômica.”
(*) Com informações da Agência Xinhua