São Paulo – O setor calçadista comemora os bons resultados do primeiro semestre deste ano, proporcionados principalmente pelo aquecimento do mercado interno – devido ao aumento do consumo dos brasileiros –, além da queda na importação de calçados chineses, causada pela tarifa antidumping imposta em 2009, e a recuperação gradual das exportações. Dados acumulados até maio apontam para um aumento de exportações, em relação a 2009, de 21,4% no volume (69,4 milhão de pares) e 12,1% no faturamento (US$ 627,6 milhões).
O otimismo do setor pode ser observado logo na abertura da 42ª Francal – Feira Internacional de Moda em Calçados e Acessórios –, que começou nesta segunda-feira (5), em São Paulo. Às 9h, quando foi aberta a feira, os corredores já estavam cheios de lojistas à procura de novidades para a coleção primavera-verão 2010/2011. Mais de mil expositores estão reunidos em 82 mil metros quadrados no Pavilhão de Exposições do Anhembi, zona norte da cidade.
Os organizadores esperam que 60 mil pessoas passem pelo Pavilhão até a próxima quinta-feira (8). Na cerimônia de abertura, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), Alessandro Teixeira, disse que o Brasil é o quinto país do mundo em exportação de calçados e o terceiro maior produtor. Segundo ele, as exportações são fundamentais para consolidar o Brasil como uma das maiores economias mundiais.
“Sabemos das dificuldades nas questões tributárias e burocráticas, mas o governo federal tem atuado para fazer com que as exportações de calçados do Brasil cresçam este ano entre 12% e 14%”, disse Teixeira.
O setor coureiro-calçadista é responsável pela geração de 325 mil empregos e uma produção anual de mais de 814 milhões de pares. No ano passado, 127 milhões de pares foram destinados à exportação, o que gerou receita de US$ 1,36 bilhão para o País.
Além disso, o complexo calçadista brasileiro conta com mais de 2,4 mil indústrias de componentes, mais de 800 empresas especializadas em curtimento e acabamento de couro, que processam a cada ano em torno de 40 milhões de peles, e 130 fábricas de máquinas e equipamentos para calçados.
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o País tem 8 mil empresas ligadas ao setor calçadista. Das companhias dedicadas à fabricação de sapatos, 0,4% são de grande porte (acima de mil funcionários) e responsáveis por 58% da produção brasileira estimada. Já 11,6% são de médio a pequeno portes e fabricam em torno de 30%. As microempresas são 88% do total e respondem por 12% da produção.
Nas ruas
O setor de varejo, assim como a indústria, aposta num crescimento de vendas neste ano entre 12% e 13%, segundo o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Calçados (Ablac), Marconi Leonel Matias. Atualmente existem no país 60 mil pontos de venda de calçados e 40 mil empresas. “São distribuídos por ano cerca de 650 milhões de pares de calçados.”
O presidente da Ablac cobrou uma discussão mais profunda sobre a reforma trabalhista e do sistema educacional. “Precisamos garantir no País pelo menos uma década de crescimento. O Brasil vive um apagão de mão-de-obra. É urgente que se faça uma reforma no sistema de educação que vise o ensino técnico.”
Matias lembrou também que é preciso incluir 30 milhões de brasileiros no mercado formal de trabalho. “O Brasil sabia viver com 12% de desemprego, mas não consegue viver agora com 7% de desemprego. Podemos chegar a 5%, mas antes é preciso ter mão de obra mais qualificada.”
Pequenos Negócios
Uma grande oportunidade para as micro e pequenas empresas do setor calçadista participarem da Francal foi dada pelos estandes coletivos, praticamente todos patrocinados pelo Sistema Sebrae. Este ano, sete estados estão participando: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraíba, Ceará e Minas Gerais.
Segundo a coordenadora da cadeia de couro e calçado do Sebrae, Anna Patrícia Barbosa, a Francal primavera-verão é a grande feira do setor. “O Brasil não tem um inverno rigoroso, por isso, os lojistas aguardam com expectativa as estações mais quentes.”
O Sebrae atua em 23 projetos, com apoio a 1.500 empresas em nove Estados brasileiros, envolvendo cerca de R$ 35 milhões.
Fonte: Agência Sebrae de Notícias