Brasil aumenta importação de fertilizantes dos países árabes e Marrocos é o maior fornecedor

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São Paulo – O mercado brasileiro aumentou em 63% as suas importações de fertilizantes do mundo árabe de janeiro a setembro deste ano sobre o mesmo período do ano passado. Enquanto que nos nove primeiros meses de 2012 o País gastou US$ 831,1 milhões com as compras do produto da região, no mesmo período deste ano elas chegaram a US$ 1,3 bilhão, um acréscimo de US$ 523 milhões.

O aumento dos envios veio principalmente do Marrocos, Catar, Egito e Tunísia. O Marrocos foi o maior fornecedor de fertilizantes para o Brasil entre os árabes até setembro, com US$ 797 milhões e crescimento de 38% sobre 2012. O segundo maior foi o Catar, com US$ 272,6 milhões e avanço de 711%, seguido pelo Egito, com US$ 110 milhões e aumento de 14,7%, e pela Tunísia, com US$ 88,3 milhões e alta de 61,3%.

O Marrocos e a Tunísia são tradicionais produtores de fosfatados, enquanto que o Catar fornece os nitrogenados e o Egito, a ureia. De acordo com o diretor executivo da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (AMA-Brasil), Carlos Eduardo Florence, o Egito tem ureia de qualidade e num preço favorável.

A Tunísia já chegou a enviar mais fertilizantes para o Brasil, mas desde que passou por mudanças políticas, decorrentes da Primavera Árabe, não normalizou o seu fornecimento. Heinz Huyer, presidente do Intertrade Group, um dos grandes importadores de fertilizantes do País, afirma que as compras da Tunísia caíram a 3% do que eram antes da revolução. Ele acredita que esse é um motivo pelo qual outros países árabes estão aumentando os envios, ocupando o espaço dos tunisianos.

Além disso, mais países produtores de fertilizantes se voltaram para o mercado brasileiro desde que a Índia diminuiu as suas importações. O país asiático é um dos grandes compradores de adubos e fertilizantes, mas em função da desvalorização da rúpia, o governo indiano retirou o subsídio que dava para as importações de fosfatados, relata Florence, o que reduziu as compras locais.

A medida na Índia, inclusive, impactou o mercado como um todo, já que o preço do fertilizante vem caindo. Também a saída da empresa russa Uralkali da parceria com a Belarusio na Potash Co (BPC) na metade deste ano pressionou pela queda dos valores dos fosfatados, já que as duas dominavam uma boa parte do mercado mundial.

Nos embarques de adubos dos países árabes para o Brasil a queda no valor do produto é visível. Isso porque enquanto a receita das importações aumentou 63% de janeiro a setembro, o volume cresceu ainda mais, 85,63%. Isso significa que o País comprou os fertilizantes árabes a preços menores do que no mesmo período do ano passado. A quantidade adquirida entre janeiro e setembro foi 3,1 milhões de toneladas.

Mas o aumento nas importações de fertilizantes pelo Brasil não se restringe aos fornecedores árabes. Segundo dados divulgados pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), de janeiro a setembro o País comprou no exterior um volume 9,8% maior de fertilizantes, que chegou a 16,1 milhões de toneladas. O crescimento, segundo Florence, se deve ao aumento pela demanda mundial de alimentos, vindo principalmente dos países emergentes, o que tem feito o Brasil produzir mais commodities agrícolas e com isso ter mais necessidade de fertilizantes.

De acordo com Florence, o Brasil tem uma capacidade limitada na fabricação de adubos e por isso precisa recorrer às importações sempre que expande a produção agrícola. Em média, o País produz 25% do que consome e importa os demais 75%. No caso do cloreto de potássio, os importadores representam cerca de 90%. O fornecimento de ureia é 65% do exterior e a de fosfatados é 50%.

Fonte: ANBA

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