Helmuth Hofstatter - CEO da Logcomex Foto Logcomex/Divulgação

A logística virou inteligência: como a IA está moldando o futuro do comércio global

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No Dia da Logística, Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex, reflete sobre como a tecnologia virou o cérebro do setor —e porque a inteligência de dados é o caminho para destravar o potencial logístico do Brasil

Da Redação (*)

Brasília – A Logcomex, empresa líder em tecnologia e inteligência artificial para o Comércio Exterior, nasceu a partir de uma percepção que poucos tiveram em 2016: a logística internacional brasileira precisava, urgentemente, de mais clareza, conexão e inteligência. No Dia da Logística, celebrado amanhã (6|), essa reflexão ganha ainda mais relevância, mostrando como a tecnologia vem transformando o setor em um ativo estratégico para o país.

Atualmente, são mais de 3.000 clientes usando as soluções da Logcomex, com operações monitoradas em mais de 30 países e um time de cerca de 370 profissionais que cresce de forma consistente ano após ano. O que começou como uma solução para organizar e conectar dados do comércio exterior hoje se consolidou como uma plataforma completa, capaz de orquestrar a logística de ponta a ponta, utilizando inteligência artificial para prever gargalos, antecipar riscos e garantir que cada operação seja executada com mais segurança e eficiência.

Antes de fundar a empresa ao lado do seu sócio, Carlos Souza, Helmuth Hofstatter acumulou experiência relevante no setor, atuando em Logística Mercado Externo na BRF e como Coordenador de Projetos de TI na TCP, empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá. Essa vivência em grandes players da logística permitiu que ele acompanhasse de perto a rotina de despachantes, agentes de carga e importadores.

Tecnologia como antídoto contra o caos na logística

“O que enxerguei — e que virou o ponto de partida da Logcomex — foi que a tecnologia podia simplificar esse caos. Profissionais gastavam muito tempo e energia em tarefas repetitivas, como alimentar planilhas, cobrar documentos e fazer follow-ups por telefone — processos que poderiam ser automatizados”, afirma Hofstatter.

Esse incômodo se transformou em motivação para empreender. A primeira solução da Logcomex surgiu diretamente dessa vivência: o LogAutomation, uma plataforma desenvolvida para automatizar e organizar os processos aduaneiros e logísticos em terminais, recintos alfandegados e operadores logísticos. Ela centraliza embarques, documentos e integrações com órgãos reguladores, como a Receita Federal, eliminando tarefas manuais, reduzindo erros e oferecendo visibilidade total da operação em tempo real.

Mais do que digitalizar, o propósito era — desde o início — simplificar o complexo:  ajudar empresas a tomarem decisões melhores e, na sequência, entrar no coração das operações, automatizando tarefas, integrando processos e liberando os times para se dedicarem ao que realmente importa.

Aos poucos os clientes começaram a relatar que, pela primeira vez, conseguiam enxergar o mercado de maneira estruturada. Frases como “Nunca tinha olhado o mercado desse jeito” ou “Achei um fornecedor que nem sabia que existia” começaram a surgir. “Uma vez, conversando com um cliente em Paranaguá, ele me falou: ‘o produto é legal, mas interessante mesmo são as informações que você tem aí’ Foi quando percebemos que havia uma demanda gigante por clareza. Estávamos ajudando as empresas a navegarem com mais segurança em um setor historicamente analógico”, reforça o CEO.

Mas a transformação não parou na inteligência de mercado. A Logcomex rapidamente percebeu que a dor também estava no operacional. Processos travados, controles manuais e falta de contexto tornavam a rotina ineficiente. “Um cliente uma vez disse: ‘A gente passava metade da manhã tentando descobrir em que pé estava cada processo’. Quando começaram a usar as soluções operacionais com IA, tudo mudou: ‘Agora parece que as coisas andam sozinhas. A gente consegue respirar’”, relembra Helmuth.

Por isso, atualmente, a Logcomex atua em duas frentes que se complementam e se retroalimentam: uma focada em inteligência estratégica, que transforma dados brutos em informações acionáveis, revelando padrões de mercado, movimentações comerciais e oportunidades que impulsionam decisões mais assertivas; e outra dedicada à eficiência operacional, que estrutura, organiza e automatiza os fluxos logísticos, aplicando inteligência artificial para gerar contexto, antecipar riscos e garantir mais ritmo, controle e previsibilidade às operações.

Inteligência Artificial, desafios e o futuro do comex brasileiro

Apesar dos avanços, a logística brasileira ainda enfrenta desafios estruturais. A falta de integração entre os elos da cadeia, o excesso de burocracia e a cultura operacional reativa seguem como entraves para a competitividade global. Para Hofstatter, a raiz do problema não está na falta de dados — inclusive, acredita que o Brasil já possui uma enorme quantidade de dados logísticos e que, portanto, a missão atual é torná-los uma vantagem competitiva dentro das empresas.

“Precisamos gerar valor, porque o dado por si só não basta. É preciso transformá-lo em decisões capazes de ajudar as empresas a agirem antes dos problemas acontecerem. Hoje, nós percebemos que essa transformação só é possível por meio da escuta ativa do mercado. Por isso, toda semana nossos times estão em contato com operadores logísticos, despachantes e embarcadores, entendendo onde o tempo é desperdiçado e onde as decisões travam”, completa.

Na visão dele, a logística internacional exige previsibilidade — e, para isso, o Brasil ainda precisa superar um obstáculo central: a falta de conexão real entre os elos da cadeia. “Falta conexão — mas mais do que isso, falta uma camada de inteligência entre os elos. Hoje, mesmo digitalizado, muito processo ainda depende de alguém ‘fazer sentido’ das coisas. E isso gera atraso, erro e improviso”, ressalta.

Dois bons exemplos de como essa inteligência aplicada pode mudar o jogo é o Shipment Intel, solução da Logcomex que oferece inteligência de mercado em tempo real, permitindo que operadores logísticos acompanhem tendências, analisem rotas e tomem decisões mais estratégicas, e o LogOS, solução operacional que aplica IA no dia a dia da importação, conectando documentos, sistemas e pessoas em um fluxo coordenado — tudo isso com inteligência artificial como propulsora. “Quando os operadores percebem que a tecnologia não veio para complicar, nem para substituir, mas sim para ampliar suas capacidades, a adoção acelera”, destaca o CEO.

Olhando para o futuro, a visão é clara: a inteligência artificial é indispensável para conectar dados, reduzir custos e trazer mais previsibilidade. “Eu acredito muito que com IA no centro, a gente consegue mudar isso. Ela interpreta o fluxo, avisa antes do problema acontecer, ajuda a organizar prioridades em tempo real. Isso é o que traz previsibilidade de verdade — não é só saber o que aconteceu, é entender o que pode acontecer e agir antes. Daqui a dez anos, a logística brasileira será muito mais coordenada e proativa. E ela, que sempre foi vista como gargalo, vai se tornar um verdadeiro ativo competitivo para o Brasil.”  finaliza.

(*)  Com informações da Logcomex

 

 

 

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