Arno Gleisner - vice-presidente da FCCE e diretor Cisbra

Especialista projeta fim da crise comercial com a Argentina e fala em início da retomada

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Da Redação

Brasília – A queda nas exportações brasileiras para a Argentina nos cinco primeiros meses de 2024 foi temporária e será superada nos próximos meses. A opinião é de Arno Gleisner, vice-presidente da Federação das Câmaras de Comércio Exterior (FCCE) e diretor da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra), Arno Gleisner, que projeta uma retomada das relações comerciais entre os dois países ainda no segundo semestre deste ano.

Gleisner usa dois argumentos para justificar a forte contração nas vendas externas brasileiras para a Argentina, o terceiro principal destino de suas exportações totais do Brasil. Em primeiro lugar, a queda de 94% nos embarques de soja, que somaram US$ 2 bilhões em 2024 e liderou a pauta exportadora para o país vizinho, com um percentual de 12% sobre as vendas totais. A importação da soja brasileira foi a alternativa encontrada pela Argentina para suprir a queda em sua safra no ano passado. No período janeiro-maio deste ano, as importações de soja pelos argentinos tiveram uma retração de 94% (algo em torno de US$ 949 milhões) e representaram apenas 1,2% das importações de produtos brasileiros.

China, novo protagonista?

Mas, no contexto geral, a maior causa da queda no fluxo de comércio entre os dois países se deve à crise econômica da Argentina que, segundo Arno Gleisner, “está em nível muito baixo, em consequência dos desequilíbrios fiscais e de inflação nos últimos anos e das medidas {econômicas} tomadas pelo governo de Javier Milei”.

Ele destaca que “na Cisbra acreditamos que vai ocorrer uma recuperação dos níveis das importações argentinas”, mas lança dúvida sobre qual país será o protagonista nas trocas comerciais com a Argentina quando o país ultrapassar o delicado momento que sua economia atravessa.

Para Arno Gleisner, “uma dúvida está na participação das exportações brasileiras nesse mercado, que poderiam estar sofrendo substituição por fornecedores de outras regiões, particularmente da Ásia e especialmente da China, e, em grau bem menor, do Paraguai, que está em forte caminho de industrialização. Acreditamos que não, que essa substituição de produtos brasileiros já aconteceu e se estabilizou”.

Entretanto, as questões econômicas e políticas argentinas não são vistas pelo vice-presidente da FCCE e diretor da Cisbra como únicas responsáveis pela queda no intercâmbio comercial entre os dois países.

Arno Gleisner menciona também as dificuldades que os exportadores brasileiros enfrentam nas áreas de tributação e logística. Ainda assim, lembra, “o Brasil conta com a proximidade geográfica {da Argentina} e com o fluxo comercial intercompany, intenso, por exemplo, nas montadoras de veículos {instaladas nos dois países} “.

Comércio bilateral em números

Em 2023, as exportações brasileiras para a Argentina cresceram 8,9% para US$ 16,712 bilhões (4,9% das exportações totais do Brasil). As importações caíram 8,4%, totalizaram US$ 11,997 bilhões (4,9% das compras brasileiras no exterior

A corrente de comércio (exportação+importação) manteve-se praticamente estável comparativamente ao ano anterior (alta de 0,9%) e totalizaram US$ 28.710 bilhões. Com isso, a balança comercial com os argentinos gerou para o Brasil um superávit de US$ 4,715 bilhões.

No período janeiro-maio deste ano, os números que já não eram bons, ficaram ainda piores. As exportações brasileiras baixaram 33,3% para US$ 5,003 bilhões e a participação argentina nas vendas externas do Brasil, de apenas 3,6%, foi a menor dos últimos anos, apesar de o país vizinho seguir como terceiro principal mercado para os produtos brasileiros em todo o mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

Com exportações no valor de US$ 5,064 bilhões (alta de 1,2% e participação de 4,92% nas importações brasileiras), a Argentina voltou a ter superávit nas trocas comerciais com o Brasil, com um saldo de US$ 61 milhões

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