José Augusto de Castro, presidente da AEB - Foto: Divulgação

“Se o Uruguai firmar um acordo com a China será engolido pelos chineses”, diz AEB

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Da Redação

Brasília – “Caso o Uruguai insista em negociar um acordo de livre comércio com a China, o país será, literalmente, engolido pelos chineses”. A frase é do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ao comentar declaração do chanceler uruguaio, Francisco Bustillo, à margem da reunião de cúpula do Mercosul, encerrada ontem (4) em Puerto Iguazú (Argentina), dando conta de que o Uruguai cogita deixar o Mercosul caso o seu país não seja autorizado a negociar um acordo comercial com os chineses.

O presidente da AEB disse que considera “muito difícil” que o Mercosul venha a firmar um acordo com a China. E justificou: “como todos sabemos, a China tem um volume gigantesco de operações {comerciais} e caso assine um acordo com os chineses, o próprio Mercosul seria engolido pelo gigante asiático, porque enquanto o Mercosul hoje se limita a exportar commodities para a China, em contrapartida importa essencialmente produtos manufaturados chineses”.

Na percepção do presidente da AEB, essa pauta comercial entre o Mercosul e a China faria com que o bloco em seu conjunto ou o Brasil isoladamente estaria abrindo o seu mercado para a China e ainda assim os chineses seguiriam importando exclusivamente commodities do Brasil ou  dos quatro países-membros do Mercosul.

Em relação ao interesse expresso do Uruguai de lutar pelo acordo de livre comércio com os chineses, José Augusto de Castro afirmou que “isoladamente, um acordo dessa natureza poderia interessar ao Uruguai, mas acho que apenas num primeiro momento, porque num segundo momento, o Uruguai seria engolido pela China. O Uruguai é um país pequeno e por isso tem que se voltar para fora, porque o seu mercado interno não é suficiente para promover o crescimento econômico do país. Apesar de tudo, acredito que, num momento de desespero, o Uruguai até poderá fechar um acordo de livre comércio com os chineses”.

A saída do Mercosul seria, na opinião do presidente a AEB, a única maneira de o país vir a buscar negociações concretas com a China: “essa será uma iniciativa isolada do governo uruguaio, pois o Mercosul, em seu conjunto, não vai assinar um tratado de livre comércio com os chineses”.

“O Uruguai é um país exportador de commodities {agrícolas} e um acordo com a China não vai mudar a sua pauta exportadora. O país até poderá receber algum investimento da China, mas será um investimento muito pequeno, o que não muda o Uruguai como pais”, concluiu.

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