Fabiano Nagamatsu (*)
O Brasil acaba de conquistar uma posição de destaque mundial na adoção da inteligência artificial generativa. Segundo dados da OpenAi, mais de 54 milhões de brasileiros utilizam o ChatGPT todos os meses, superando o número de usuários ativos nos Estados Unidos, país onde a ferramenta foi criada.
Esse marco representa uma transformação cultural e empresarial profunda que redefine a forma como os brasileiros se relacionam com a tecnologia, a informação e o consumo. O brasileiro é conhecido por sua rápida adoção de novas tecnologias. Desde o Orkut até o Pix, o país demonstra uma disposição incomum para experimentar o novo e transformar inovação em hábito. O ChatGPT segue essa mesma trilha. Em poucos meses, passou de curiosidade para ferramenta cotidiana em escolas, escritórios e até pequenas empresas.
A razão está na combinação entre curiosidade, criatividade e necessidade. Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, milhões de brasileiros perceberam que a IA pode multiplicar produtividade, ampliar repertório e acelerar decisões. Profissionais usam o ChatGPT para redigir textos, planejar campanhas, analisar dados, estudar idiomas e até desenhar estratégias de negócio. O que antes exigia horas de pesquisa e produção hoje pode ser feito em minutos — com qualidade crescente e personalização.
Essa relação natural entre o brasileiro e a IA explica por que o país ultrapassou economias muito mais ricas em adoção. Aqui, a inovação não espera políticas públicas ou infraestrutura perfeita, ela acontece no improviso, na necessidade e na busca por eficiência.
O impacto nas empresas
Mas a questão central é: sua empresa está preparada para acompanhar esse ritmo?
O avanço do uso do ChatGPT entre consumidores e profissionais cria um novo tipo de expectativa. Clientes agora esperam respostas rápidas, personalizadas e consistentes. Colaboradores desejam ferramentas inteligentes que simplifiquem tarefas repetitivas. E o mercado, de forma geral, começa a medir competitividade pela capacidade de usar IA de forma estratégica.
Empresas que ainda tratam a inteligência artificial como algo “para o futuro” estão ficando para trás. Hoje, já é possível automatizar atendimentos com agentes de IA treinados com dados internos, gerar relatórios automáticos, criar campanhas publicitárias personalizadas e até otimizar fluxos de cobrança e retenção.
Grandes marcas brasileiras, de bancos a varejistas, estão implementando o ChatGPT e modelos similares para melhorar processos internos e elevar a experiência do cliente. O resultado é mensurável com a redução de custos operacionais, aumento de produtividade e crescimento da satisfação do consumidor.
O desafio, no entanto, está em transformar o uso individual em vantagem corporativa. Ter funcionários que usam IA é bom; mas ter uma empresa que estrutura o uso da IA com governança, segurança e propósito é o que define os líderes do novo mercado.
Isso exige planejamento. É preciso capacitar equipes, criar diretrizes éticas, proteger dados e, principalmente, integrar os modelos de IA aos sistemas já existentes. Sem isso, o uso se torna pontual e disperso, perdendo seu poder transformador.
O momento é agora. O ritmo de adoção da IA no Brasil mostra que a próxima vantagem competitiva não virá apenas de quem tem capital, mas de quem tem inteligência aplicada. Assim como o Pix redefiniu os pagamentos, o ChatGPT e outras IAs generativas estão redefinindo a comunicação, o marketing e a operação empresarial.
Empresas que compreenderem essa virada cedo terão a chance de criar novos modelos de negócio, explorar dados de forma estratégica e construir marcas mais próximas das pessoas.
(*) Fabiano Nagamatsu é CEO da Osten Moove, empresa que faz parte da Osten Group, uma Aceleradora Venture Studio Capital focada no desenvolvimento de inovação e tecnologia. Conta com estratégias e planejamentos baseados no modelo de negócio de startups. – ostenmoove@nbpress.com.br.









