Exportação aos países árabes recua 9% e totaliza US$ 5,24 bilhão no primeiro semestre

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São Paulo – As exportações do Brasil aos países árabes somaram US$ 5,24 bilhões no primeiro semestre, contra US$ 5,79 bilhões no mesmo período do ano passado, um recuo de 9,45%, equivalente a US$ 546,8 milhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do governo brasileiro (Secex) compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

O minério de ferro foi o principal responsável pela queda. Os embarques do produto aos países do Oriente Médio e Norte da África renderam US$ 242,7 milhões de janeiro a junho, uma redução de 68% em relação aos US$ 756,86 milhões do mesmo período de 2015. Em números absolutos, a diminuição foi de US$ 514,13 milhões, valor próximo ao do recuo das vendas externas como um todo.

Nesta quinta-feira (21), a mineradora brasileira Vale informou que houve paralisação para manutenção em uma de suas linhas de produção de pelotas de minério de ferro em Omã entre maio e junho. As instalações da companhia na cidade omanita de Sohar produziram 1,8 milhão de toneladas de pelotas no segundo trimestre, um recuo de 4,5% sobre os três meses anteriores e de 23,9% em relação ao segundo trimestre do ano passado.

A redução dos embarques de minério afetou o desempenho das exportações para Omã, que recuaram 21,24% no primeiro semestre; para os Emirados Árabes Unidos, que caíram 29,4%; para a Arábia Saudita, que diminuíram 3,32%; e para o Egito, que foram 4,66% menores. Estes são quatro dos cinco principais destinos de produtos brasileiros no mundo árabe.

A exceção ficou por conta da Argélia, a quarta colocada, que ampliou suas importações do Brasil em quase 12% nos seis primeiros meses de 2016 em comparação com o mesmo período de 2015. As vendas ao país do Norte da África renderam US$ 541,53 milhões no semestre. Os argelinos ampliaram principalmente as compras de produtos do agronegócio, como açúcar, milho e óleo de soja. Ocorreu crescimento significativo também nas aquisições de máquinas e equipamentos.

Alimentos

As exportações de alimentos em geral mantiveram-se relativamente estáveis no primeiro semestre, com redução de 2% no grupo de produtos de origem animal, avanço de 3,6% na categoria de alimentos industrializados e aumento de 4,3% entre os itens de origem vegetal.

Houve, no entanto, uma redução significativa das vendas de alimentos em junho, quando as exportações do Brasil aos países árabes somaram US$ 892 milhões, um recuo de 19,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Caíram as vendas de produtos de origem animal, alimentos industrializados e itens de origem vegetal. A maior queda, porém, continuou sendo nos embarques de minério de ferro.

O secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, observou que o recuo das exportações de alimentos em junho ocorreu por causa do Ramadã, mês do calendário muçulmano em que os fiéis jejuam do nascer ao por do sol. Este ano, o período religioso coincidiu quase que totalmente com o mês de junho.

Os importadores árabes costumam recompor estoques antes do início do Ramadã e durante este período há redução das atividades comerciais em geral. “As vendas [externas] no Ramadã não costumam ser tão fortes quanto foram antes [deste período]”, destacou Alaby.

Ele espera ver uma melhora do desempenho das exportações ao mundo árabe já a partir dos números de julho, após o fim do Ramadã, quando as pessoas e empresas voltam ao ritmo normal de trabalho.

Alaby acrescentou que algumas empresas brasileiras da área de alimentos estão querendo aumentar seus preços em dólar, pois a moeda norte-americana vem perdendo valor frente ao real nos últimos meses. “É um efeito negativo do câmbio”, declarou. Segundo ele, há companhias que preferem aguardar por um cenário cambial mais favorável para fechar negócios.

O executivo ressaltou, porém, que mesmo com o recuo observado no primeiro semestre e em junho, as exportações brasileiras ao mundo árabe continuam numa “boa toada”. No entanto, ele evitou fazer previsões para o segundo semestre, justamente por causa da volatilidade do câmbio.

Importações

Na outra mão, as importações brasileiras do mundo árabe somaram US$ 2,667 bilhões, uma queda de 21% em relação aos seis primeiros meses de 2015. Em junho, as compras ficaram em US$ 892 milhões, uma redução de 19% sobre o mesmo mês do ano passado.

Diminuíram principalmente os gastos com petróleo e derivados, uma vez que as importações de adubos e fertilizantes aumentaram 31% em comparação com o primeiro semestre de 2015. Adubos e fertilizantes são o segundo grupo de produtos em importância na pauta das exportações do mundo árabe ao Brasil, atrás da conta petróleo.

Fonte: ANBA

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