São Paulo – As exportações do Brasil aos países árabes renderam pouco mais de US$ 14 bilhões no ano passado, uma redução de 5,4% em relação a 2012, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
O diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, comentou que a suspensão das importações de carne bovina brasileira por alguns países árabes afetou os negócios. Arábia Saudita, Kuwait, Omã, Catar e Iraque impuseram barreiras ao produto após o governo brasileiro ter divulgado, em dezembro de 2012, que um animal morto no Paraná em 2010 tinha o agente causador da encefalopatia espongiforme bovina, ou mal a vaca louca, sem, no entanto, ter desenvolvido a doença.
Posteriormente, a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) manteve como “insignificante” o risco de ocorrência da moléstia no Brasil, mas até agora nem todos os países levantaram os embargos.
Alaby apontou como motivo da queda também a redução nas cotações de algumas commodities. “Ao analisar os números, observamos que a quantidade [exportada] caiu menos do que a receita”, destacou. De fato, a redução do volume embarcado de um ano para o outro foi de 3,2%.
O executivo citou outros fatores que afetam as exportações brasileiras em geral, não só as vendas aos árabes, como a demanda interna em alta, que gera menos excedentes e menor interesse das empresas em exportar, e a alta volatilidade do câmbio “que restringe o planejamento do comércio exterior e faz com que a rentabilidade interna seja maior do que a externa”.
Ele ressaltou, no entanto, o crescimento das exportações de frango para a região, tanto em receita quanto em quantidade, sendo que o Oriente Médio já é o maior mercado do produto brasileiro. As vendas de aves somaram US$ 3,15 bilhões, um avanço de 12% sobre 2012. O volume embarcado cresceu 3%.
Influenciou este desempenho o acréscimo de 16,4% no faturamento com a comercialização de cortes de frango, que chegou a quase US$ 1 bilhão. São produtos com maior valor agregado do que a ave inteira.
Alaby citou ainda alguns produtos que entraram na pauta, como limões e álcool farmacêutico, e destacou o forte aumento das vendas de ouro. O Brasil exportou o equivalente a US$ 108,34 milhões em ouro, um acréscimo de 103% em relação a 2012. Os árabes apreciam o metal não só para a confecção de joias, mas como investimento, e o trabalho de ourivesaria é tradicional na região. “O trabalho artesanal é feito todo lá”, observou Alaby.
Entre os principais destinos das mercadorias brasileiras no mundo árabe, subiram as vendas pra os Emirados Árabes Unidos (5,4%) e Argélia (2,6%). Caíram, no entanto, os embarques para a Arábia Saudita (5,4%), Egito (18,8%) e Omã (2%).
O diretor-geral da Câmara Árabe afirmou que, preocupados com a questão da segurança alimentar, os árabes vão continuar a importar grandes quantidades de todos os cantos do mundo. Ele estima que a demanda por alimentos na região vai aumentar de 5% a 6% este ano. Na região do Golfo, o avanço poderá ser de 4% para importações totais em torno de US$ 50 bilhões.
“O cenário internacional vai exigir um pouco mais de promoção das empresas brasileiras”, ressaltou Alaby. Entre os produtos que podem ter grande sucesso na região ele aposta em chocolates, balas, geleias, sucos e frutas, principalmente as tropicais.
Importações
Na outra mão, as importações de produtos árabes pelo Brasil somaram US$ 11,4 bilhões, um crescimento de 2,7% em comparação com 2012. O desempenho foi influenciado pelo aumento das compras de petróleo bruto, querosene de aviação, óleo diesel, adubos e fertilizantes. Isso impulsionou principalmente as vendas dos Emirados, Kuwait e Marrocos.
O Brasil acumulou um superávit de US$ 2,6 bilhões na balança comercial com os árabes em 2013, quase 30% menor do que em 2012.
Fonte: ANBA