Híbridos plug-in avançam e já representam mais da metade do valor importado, aponta Logcomex
Da Redação
Brasília – O valor das importações brasileiras de veículos eletrificados registrou retração de 19% entre janeiro e setembro de 2025, apontam dados da Logcomex, empresa líder em tecnologia para o comércio exterior. O recuo total de 19% foi diretamente influenciado pela queda de 56% no valor importado de veículos 100% elétricos, que despencaram de US$ 1,4 bilhão neste intervalo em 2024 para US$ 653,6 milhões neste ano, uma redução superior a US$ 740 milhões em valor FOB.
Em contraste, os veículos híbridos plug-in avançaram 3%, alcançando US$ 1,8 bilhão em valor FOB e assumindo a liderança do setor. Com esse desempenho, os híbridos sozinhos passaram a representar 56% de todo o valor importado de eletrificados no período. Além dos híbridos plug-in, os veículos híbridos convencionais (HEV, sem recarga externa) também avançaram 3%, movimentando US$ 637,3 milhões. Já os híbridos diesel registraram queda de 9%, com US$ 75,8 milhões importados.
A retração no valor das importações de veículos totalmente elétricos ocorre em um momento em que o Brasil enfrenta questões particulares para a expansão da mobilidade elétrica. A escalada tarifária implementada pelo governo federal em julho elevou os impostos sobre veículos elétricos e híbridos, tornando a importação de modelos totalmente montados mais cara e menos competitiva. As novas regras também anteciparam o aumento de tarifas para veículos trazidos parcialmente desmontados, o que levou as montadoras, em especial as chinesas, a reverem suas estratégias para o país, direcionando seu foco para produção e montagem local.
Ainda assim, a análise da Logcomex revela que a China respondeu por 70% do valor importado de eletrificados entre janeiro e setembro. Alemanha e Eslováquia aparecem muito atrás, com 7% e 5%, respectivamente. Mesmo com a queda dos elétricos puros, os fabricantes chineses compensaram com o avanço dos híbridos e seguem liderando toda a cadeia global de baterias, desde a produção final até os insumos essenciais para tecnologias de lítio-ferro-fosfato (LFP), material usado nos principais modelos de eletrificados disponíveis no Brasil.
Logística, previsibilidade e cenário global: o desafio das importações de eletrificados
Em meio às disputas tarifárias que marcaram 2025, especialmente entre Estados Unidos e China, o Brasil mantém sua posição como destino estratégico para os veículos eletrificados chineses, hoje os maiores exportadores do mundo. Essa relevância é reforçada pela rota de entrada predominante no país: o Espírito Santo, que historicamente concentra a maior parte das importações de eletrificados graças à eficiência do Porto de Vitória, à capacidade de receber grandes volumes e à proximidade com as rotas marítimas que conectam a Ásia ao Atlântico Sul. Entre janeiro e setembro, o estado respondeu por 77% de todo o valor importado, seguido por Santa Catarina (8%) e Bahia (4%).
Mas se, de um lado, o Brasil segue relevante no mapa global da eletrificação, de outro, a retração no valor das importações dos veículos 100% elétricos e a mudança no mix tecnológico aumentaram a pressão sobre os importadores. Oscilações entre categorias, variações tarifárias sucessivas e a dominância chinesa na cadeia de suprimentos exigem decisões mais rápidas sobre estoques, nacionalização e escolha de portos. Segundo a Logcomex, a busca por previsibilidade e visibilidade de ponta a ponta cresceu significativamente em 2025, acompanhando o ritmo das mudanças regulatórias.
“A volatilidade das importações de eletrificados exige planejamento cada vez mais baseado em dados. Quando o cenário muda, seja por tarifas, câmbio ou estratégia das montadoras, o importador precisa saber, em tempo real, onde está sua carga, quais riscos estão associados a cada rota e como antecipar impactos nos prazos e nos custos. Esse nível de previsibilidade só é possível com tecnologia. A nossa plataforma entrega essa inteligência para que as empresas tomem decisões mais seguras em períodos de incerteza”, afirma Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex.
Ele ressalta que, com incentivos menores para a importação, muitas empresas passaram a priorizar planos de produção local, ajustando o ritmo de chegada dos elétricos puros. Mesmo assim, o país permanece inserido em um cenário global em transformação, no qual Ásia e Europa ampliam oferta, os Estados Unidos revisam subsídios e o mercado brasileiro calibra suas escolhas de acordo com infraestrutura, política industrial e logística disponível. “Esse movimento não indica perda de interesse, mas um mercado que amadurece e busca alternativas viáveis para avançar na eletrificação”, finaliza.









