Egito dobra exportações de alho para o Brasil com abertura de mercado após acordo com Mercosul

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São Paulo – O Egito passou a ser um dos principais fornecedores internacionais de alho do Brasil desde que o mercado nacional foi aberto para o produto, em junho do ano passado. Dois meses após, em agosto, o país árabe já vendia alho aos brasileiros, em um comércio que gerou US$ 2,3 milhões em 2019. Neste ano, apenas nos oito primeiros meses a exportação chegou a US$ 5 milhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) brasileira.

Kaddes (centro): Egito é produtor de alho / Foto: Rodrigo Rodrigues/Câmara Árabe

Com isso, o Egito se tornou o quinto maior provedor internacional de alho do Brasil, atrás de tradicionais fornecedores, como Argentina, China, Espanha e Chile. Em alguns meses os egípcios chegaram a ficar na terceira e segunda posição.

Em entrevista à reportagem da ANBA, o diretor geral de Acordos Comerciais do Setor de Acordos e Comércio Exterior do Ministério do Comércio e Indústria do Egito, Michael Gamal Kaddes, conta que o seu país está entre os maiores produtores de alho do mundo, em quarto lugar, atrás de China, Índia e Bangladesh, e com 280 mil toneladas colhidas por ano.

“O mercado brasileiro é importante para o Egito por ser enorme e com grande potencial para as exportações egípcias em geral e de alho, em particular, e por existirem esforços conjuntos e grande vontade das comunidades empresariais dos países para alcançar o crescimento nas relações econômicas, o que foi deflagrado com o acordo de livre comércio entre o Egito e o Mercosul, implementado em 2017”, disse Kaddes por e-mail à ANBA.

Kaddes espera que as exportações de alho egípcio ao Brasil dobrem na próxima temporada. “Existem grandes oportunidades de exportação para o alho egípcio no mercado brasileiro”, afirmou ele. A safra de alho no Egito vai de setembro a julho e no último período as exportações do país árabe atingiram 40 mil toneladas, o que gerou mais de US$ 42 milhões. O alho é uma das plantas mais antigas do Egito e foi encontrado esculpido no templo dos faraós.

De acordo com informações fornecidas por Kaddes, o surto do coronavírus contribuiu para o aumento da demanda externa por alho egípcio, já que se trata de um produto que fortalece o sistema imunológico contra o vírus. Segundo o diretor geral, esse aumento de demanda foi percebido principalmente em países como Taiwan, Holanda e Brasil.

De acordo com informações do adido agrícola da embaixada do Brasil no Cairo, Cesar Simas Teles, o Brasil importou 165,4 mil toneladas de alho ano passado, no valor de US$ 225 milhões. Houve aumento sobre o ano anterior, quando o mercado brasileiro trouxe do exterior 164,8 mil toneladas de alho, no valor de US$ 172 milhões.

Os egípcios percebem nos números vultosos do mercado brasileiro uma oportunidade de fornecimento. O alho é uma commodity de exportação importante para o Egito. Os principais compradores do produto são Rússia, Taiwan, Polônia, Brasil, Ucrânia, Turquia, Jordânia, Estados Unidos, Itália, Holanda e Austrália. No Egito, o alho é cultivado em regiões como Alto Egito, Suhag, Qena, Minya, Assiut, BeniSuef, Novo Vale Fayoum, Behera e Gharbia, segundo Kaddes.

Os egípcios citam várias características do seu alho que o distinguem do chinês. Segundo eles, é mais saboroso e mais natural. Os benefícios do produto são redução da pressão arterial, o estímulo à circulação sanguínea, a proteção contra resfriados, a presença de vitaminas, sais e minerais, substâncias anticancerígenas e de redução de colesterol, entre outros.

(*) Com informações da ANBA

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