Reunião Coalizão Indústria Foto: Divulgação

“É impossível competir com calçados que chegam ao Brasil a US$ 2 o par”, diz Abicalçados

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Da Redação (*)

Novo Hamburgo (RS) – Ao participar da reunião da Coalizão Indústria, realizada ontem (10) no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Haroldo Ferreira, disse acompanhar “com preocupação”, a ideia de se criar um acordo de livre comércio entre Mercosul e China.

Segundo ele, “caso isso ocorra, teremos uma quebradeira generalizada na indústria nacional, pois é impossível competir com calçados que entram aqui com preços abaixo de US$ 2”. Na avaliação do executivo da Abicalçados, “a China exporta calçados com preços abaixo dos praticados no mercado, tudo isso a custo de condições trabalhistas pouco alinhadas aos padrões internacionais e uma agenda ambiental branda”.

Reforço das ações antidumping

O tema da importação predatória de calçados da China e um possível acordo de livre comércio com o país asiático dominaram os debates na reunião das entidades que representam 15 setores industriais brasileiros, entre eles o calçadista, e que aconteceu com a presença de representantes do MDIC.

Na oportunidade, Haroldo Ferreira, enfatizou a importância do antidumping contra o calçado chinês, bem como a inclusão de três grandes grupos chineses que ficaram de fora na mais recente renovação do mecanismo, em 2022. Atualmente, além da tarifa de importação de 35%, o calçado chinês que entra no Brasil paga uma sobretaxa de US$ 10,22 por par.

“Mesmo com o mecanismo, estamos presenciando uma verdadeira invasão de calçados asiáticos no mercado brasileiro, com preços abaixo dos praticados no mercado, o que tem colocado em risco a produção da indústria nacional”, comentou. Somente em junho, entraram no País mais de 705 mil pares chineses, 261% mais do que no mesmo mês do ano passado.

Os países asiáticos – aqui incluídos, além da China, o Vietnã e a Indonésia – não ratificaram convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que possuem impacto direto em setores intensivos em mão-de-obra, como é o caso da indústria calçadista, por se tratarem de assuntos relativos a salários, jornada de trabalho, segurança do trabalho e inspeção do trabalho. “Os três países em questão sequer ratificaram a Convenção que trata da fixação de salário-mínimo”, completou o dirigente da Abicalçados.

(*) Com informações da Abicalçados

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