Erick Isoppo, CEO da IDB do Brasil Trading | Créditos: Divulgação/ IDB do Brasil Trading

DUIMP: o avanço que pode destravar investimentos

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Em artigo, o CEO da IDB do Brasil Trading, Erick Isoppo, e o Head Operacional, Jessé Alan, afirmam que a adoção da Declaração Única de Importação (DUIMP) pelo Brasil poderá impulsionar investimentos represados pela burocracia e apontam as mudanças em relação à Declaração de Importação (DI).

Erick Isoppo e Jessé Alan (*) (**)

O Brasil vive uma das transformações mais relevantes de sua história recente no comércio exterior. A adoção da Declaração Única de Importação (DUIMP), eixo central do Novo Processo de Importação (NPI), representa uma mudança estrutural com potencial para reduzir gargalos históricos, ampliar a previsibilidade das operações e destravar investimentos há muito represados pela burocracia.

Desde outubro de 2024, o governo federal vem substituindo sistemas fragmentados por um modelo digital unificado que concentra toda a tramitação em um único documento eletrônico. Diversos órgãos anuentes já estão integrados ao Portal Único de Comércio Exterior, e as estimativas oficiais são contundentes: redução de até 40% no tempo médio das nacionalizações e queda de 14% nos custos logísticos. Esses números traduzem um claro avanço em direção a um ambiente de negócios mais eficiente e competitivo.

No dia a dia das empresas, a mudança representa um novo formato de nacionalização das mercadorias, o que exige ajustes internos e revisão de processos. A substituição da Licença de Importação (LI) e da Declaração de Importação (DI) pelo LPCO (Licenças, Permissões, Certificados e Outros Documentos) e pela DUIMP inaugura uma lógica mais transparente e integrada, na qual o importador assume protagonismo sobre informações técnicas e comerciais. Essa responsabilização aprimora a rastreabilidade dos produtos e eleva o controle de dados, eliminando inconsistências que vinham sendo fonte recorrente de atrasos e retrabalhos.

O ganho de tempo deve ser expressivo, sobretudo no despacho aduaneiro. Hoje, a DI só pode ser registrada após a atracação da carga, o que gera períodos de ociosidade no processo. Com a DUIMP, o registro passa a ser antecipado, permitindo que etapas importantes sejam concluídas ainda durante o trânsito internacional. Assim, quando a carga chega ao país, parte da burocracia já está superada. Espera-se também que o uso de sistemas automatizados reduza conferências físicas, que hoje atingem cerca de 2% das cargas parametrizadas fora do canal verde, tendência que deve diminuir com o aumento da segurança da informação.

De qualquer forma, o processo de adaptação exigirá atenção especial ao catálogo de produtos. Será necessário um esforço detalhado de coleta e validação de dados, e ajustes são naturais nos primeiros meses até que todas as empresas estejam completamente adaptadas ao novo modelo. É uma fase de transição que, embora trabalhosa, tende a resultar em processos muito mais sólidos e coerentes.

Fato é que a total adesão dos órgãos anuentes ao Portal Único marca o início de um novo ciclo para o comércio exterior brasileiro. O sistema anterior, fragmentado e burocrático, não atende mais às necessidades de um país que busca competitividade internacional. A modernização proporcionada pelo NPI amplia a eficiência, reforça a segurança e aumenta a transparência das operações, posicionando o Brasil em um patamar mais alinhado às práticas globais.

Por isso, sem dúvidas, a DUIMP simboliza um avanço tecnológico e ainda um passo decisivo rumo a um ambiente de negócios menos custoso, mais ágil e capaz de estimular o investimento produtivo. É o sinal de que o Brasil começa, finalmente, a atualizar seu comércio exterior para competir no mundo real, um movimento que pode redefinir a dinâmica das empresas, das cadeias produtivas e da própria economia nacional.

(*) Erick Isoppo é CEO da IDB do Brasil Trading. Com MBA em Gestão Empresarial e formação em Relações Internacionais e em Administração focada em Comércio Exterior, o executivo deu aulas de Comércio Exterior na Escola Superior de Criciúma (Esucri) e na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul)

(*) Jessé Alan é Head Operacional da IDB do Brasil Trading, atuando com foco em eficiência operacional e inteligência estratégica na gestão de processos de importação

Artigo publicado pela ANBA dia 28 de Novembro de 2025

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