CNI lista recomendações para acelerar o processo de integração do Mercosul

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Brasília – O Brasil comandará o Mercado Comum do Sul (Mercosul) nos próximos seis meses, e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) entregou ao governo um documento com mais de 40 recomendações para aprofundar a integração econômica regional e acelerar a integração internacional do bloco.

A liderança será assumida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a 62ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, em Puerto Iguazú, na Argentina. Entre as principais pautas listadas pela indústria estão a internalização do acordo sobre facilitação de comércio do Mercosul e conclusão do Acordo Mercosul-UE

De acordo com a análise dos fluxos comerciais desde 2001, apresentada pela CNI no documento, os países-membros do Mercosul perderam relevância na corrente de comércio do bloco sul-americano: a participação do comércio intrabloco na corrente de comércio total do grupo diminuiu de 19,3% para 11,5% entre 2001 e 2022. O Brasil foi o membro que teve a maior perda de participação, diminuindo de 8,4% para 4,8%, no mesmo período.

“Os dados mostram o potencial que o Mercosul tem para as exportações de maior valor agregado e para economia do país, mas, por outro lado, confirmam um cenário preocupante quando olhamos a tendência em queda da integração. Os países do bloco comercializam cada vez menos entre eles e com o mundo. Essa presidência é uma grande oportunidade para começar a reverter esse cenário, com medidas pragmáticas que aprofundem a integração econômica interna e externa do Mercosul” afirma a gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri.

Expectativa da indústria é concluir principais ações ainda em 2023

As prioridades elencadas pela CNI são divididas em três pilares: agenda econômica e comercial interna, relacionamento externo e internalização de normativas. Para a indústria brasileira, nos próximos seis meses – durante a presidência pro tempore do Brasil – é necessário atuar principalmente para alcançar quatro medidas comuns:

  1. conclusão e assinatura do Acordo de Associação Mercosul-UE, sem reabertura de negociações, para que os compromissos acordados em 2019, após 20 anos de negociações, entrem em vigor o quanto antes. O tratado atenderá a diferentes prioridades estratégicas do país, contribuindo para melhorar a integração produtiva com as principais economias globais.
  2. conclusão da VIII Rodada de Negociações de Compromissos Específicos em Matéria de Serviços, para avançar no acesso ao mercado de serviços do Mercosul. Isso porque serviços especializados são importantes para a produção da indústria de transformação, especialmente para os setores que produzem bens de maior valor agregado. Para se ter ideia, o comércio de serviços representa quase 30% do valor adicionado às exportações industriais brasileiras.
  3. A conclusão das negociações para modernizar e simplificar o Regime de Origem do Mercosul – conjunto de normas que define critérios, exigências e obrigações em matéria de origem e regulam o acesso aos benefícios das preferências tarifárias no comércio intrabloco.
  4. internalização do Acordo sobre Facilitação de Comércio do Mercosul, que visa simplificar e tornar mais célere os processos nas operações de importação, exportação e trânsito de mercadorias entre as fronteiras. No Brasil, a internalização do tratado está em tramitação no Congresso Nacional.
  5. Principais aspectos comerciais do Mercosul
  • De 2013 a 2022, o Mercosul foi o terceiro principal parceiro comercial brasileiro, tanto nas exportações quanto nas importações, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Se análise considerar os países da União Europeia em conjunto, o Brasil ocupa a quarta posição.
  • O Mercosul tem impacto relevante na atividade econômica, principalmente quando comparado aos principais parceiros comerciais do país. Em 2022, as vendas externas do Brasil para o bloco promoveram 24,4 mil empregos, R$ 550,8 milhões em massa salarial e R$ 3,7 bilhões em produção para cada R$ 1 bilhão exportado.
  • Considerando apenas as exportações brasileiras de bens da indústria de transformação, o bloco sul-americano foi o segundo principal destino na última década, atrás apenas dos Estados Unidos. Se as exportações para a União Europeia forem consideradas, o Mercosul ocupa a terceira posição do ranking, seguido pela China.
  • Em relação às exportações, o Mercosul lidera o ranking se forem considerados somente os bens de consumo duráveis e bens de capital na última década, que têm maior valor agregado e maior conteúdo tecnológico. As exportações desses bens do Brasil para o Mercosul somaram US$ 8,5 bilhões em 2022, representando 26% do total.
  • O Mercosul perdeu espaço na produção e nas exportações da indústria de transformação mundial. A participação na produção de bens da indústria de transformação global diminuiu 1,4 p.p. desde 2001, reduzindo de 3,28% para 1,93%. O bloco também perdeu participação nas exportações mundiais de bens da indústria de transformação, entre 2001 e 2021, caindo de 1,31% para 1,13% (-0,18 p.p.).
  • Os países-membros do Mercosul perderam relevância na corrente de comércio do bloco sul-americano. A participação do comércio intrabloco na corrente de comércio total do grupo diminuiu 7,7 p.p., de 19,3% para 11,5%, entre 2001 e 2022.
  • Considerando o comércio interno do bloco por membro, o Brasil teve a maior perda de participação na corrente de comércio total – com 3,6 p.p. de redução na parcela, de 8,4% para 4,8%, na comparação entre 2001 e 2022.

(*) Com informações da CNI

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