Câmara Árabe apresenta o vasto potencial de exportação gerado pela certificação halal

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São Paulo – A certificação halal, que atesta que um produto está de acordo com as leis islâmicas, expande as possibilidades de exportação para países muçulmanos onde há consumidores mais exigentes. Além de alimentos como carne bovina e frango, o selo halal pode constar em uma variedade de itens alimentícios, além de mercadorias como cosméticos e remédios.

Esta foi a principal mensagem da palestra Potencialidades do Mercado Halal, ministrada por Tamer Mansour, gerente de relações governamentais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, nesta quarta-feira (27), em São Paulo. A plateia era formada por empresários e executivos de diferentes segmentos. A palestra contou ainda com a presença de Michel Alaby, diretor-geral da Câmara Árabe, e Rubens Hannun, vice-presidente de Comércio Exterior da entidade.

“Hoje, o Brasil é o maior produtor de alimentos halal do mundo, mas não utiliza nem 20% das potencialidades deste mercado”, apontou Mansour. De acordo com o executivo, o Brasil já “entende e respeita o significado do halal”, mas precisa aproveitar melhor as oportunidades que este mercado oferece. No mundo, há 1,7 bilhão de muçulmanos.

O conceito de halal, explicou, inclui tudo o que é lícito na vida de um muçulmano e exclui a utilização de ingredientes proibidos, como álcool e carne de porco. Isso não se limita, porém, ao consumo puro destes produtos. A proibição se estende a qualquer item que contenha insumos de origem suína ou tenha álcool em sua composição.

“Precisamos mostrar que os produtos tiveram uma fiscalização rigorosa do ponto de vista sanitário para assegurar que não tiveram contato com produtos proibidos”, disse Mansour sobre os cuidados necessários na fabricação de um item, alimentício ou não, para que ele seja considerado halal. “A cadeia de produção não pode ter nenhum processo no qual tenha sido usado álcool, ingrediente de origem suína ou animal que não tenha sido abatido de acordo com a lei islâmica”, ressaltou.

Entre os itens que o Brasil poderia expandir suas vendas ao mercado externo se tivesse certificação halal está a gelatina. “O Brasil é um grande produtor de gelatina [de origem bovina], mas é o que menos exporta porque isso demanda um sistema de rastreabilidade, para assegurar que a produção da gelatina é halal, e nós não temos esse sistema”, lamentou.

Além dos alimentos, itens como cosméticos e produtos farmacêuticos também podem receber a certificação halal. “Os cosméticos halal não utilizam álcool”, destacou o executivo.

De acordo com Mansour, há um grande mercado halal em países asiáticos, como Malásia e Indonésia, entre outros, no qual o conceito do halal está presente em diversas áreas. Em Bangkok, por exemplo, há um hotel com a bandeira halal. Nos quartos, não há bebidas alcóolicas, há praias privativas para mulheres e crianças e toda a comida servida é certificada. “No Brasil, há uma comunidade árabe de 12 milhões de pessoas, mas poucos restaurantes com comida halal”, disse o executivo, apontando que há um nicho muito grande a ser aproveitado pelo empresariado nacional.

Outro exemplo dado por Mansour de como o halal é um conceito que pode ser aplicado em várias áreas está no Porto de Rotterdam, na Holanda. Lá, há um terminal exclusivo para abrigar cargas com certificado halal, evitando, assim, o contato com produtos não permitidos aos muçulmanos.

Fonte: ANBA

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