Juan Pablo Garcia/Divulgação

Multinacional argentina de eletrodomésticos premium, a Morelli chega para conquistar espaços no mercado brasileiro

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Da Redação

Brasília – De janeiro a agosto, o comércio entre o Brasil e a Argentina registrou uma vigorosa recuperação, comparativamente com igual período de 2024, devido especialmente a uma expressiva alta de 51,2% nas exportações brasileiras e apesar de uma ligeira contração de 1,7% nas vendas argentina. Segundo especialistas, essa tendência de recuperação das trocas bilaterais deverá continuar no último trimestre do ano, pavimentando do caminho para números ainda mais expressivos em 2026.

É por acreditar nisso que Juan Pablo Garcia, Head Comercial da Morelli, multinacional argentina de eletrodomésticos premium, tem um olhar e uma estratégia de mercado fortemente positivos em relação à expansão das vendas da empresa no mercado brasileiro.

Segundo ele, “o comércio entre Brasil e Argentina vive um momento de recomposição e otimismo”. Apesar disso, ele reconhece que existe um grande desequilíbrio no fluxo exportador dos dois países. De fato, nos oito primeiros meses do ano, os embarques brasileiros para o mercado argentino cresceram vigorosos 51,2% para 12,4% totalizando US$ 12,4 bilhões, equivalentes a 5,45% das vendas externas brasileiras no período. Em contrapartida, as exportações argentinas, que haviam crescido 13,2% em todo o ano passado, recuaram 1,7% nos últimos oito meses deste ano.

Na percepção de Morelli, “o caminho para reduzir esse desequilíbrio comercial envolve volume de vendas e fortalecimento da qualidade e valor agregado dos produtos que a Argentina exporta, o que tem acontecido de forma gradual e muito positiva. Nos últimos anos, observamos um movimento consistente da indústria argentina em direção a inovação, design diferenciado e eficiência produtiva”.

Seguindo essa linha de raciocínio, o empresário sublinha que o equilíbrio do intercâmbio bilateral também fica na dependência da capacidade das empresas argentinas de oferecerem soluções “que atendam à crescente sofisticação e necessidades do consumidor brasileiro, seja em durabilidade, eficiência ou design”. Além disso, reforça ele, “são necessários investimentos em logísticas e em outras plantas industriais que permitam reduzir custos e prazos, tornando os produtos argentinos ainda mais competitivos no Brasil.  Portanto, acredito que o equilíbrio comercial virá da combinação entre inovação, integração produtiva e alianças estratégicas entre empresas argentinas e brasileiras”.

A busca de espaços em um mercado relevante e exigente

Juan Pablo Garcia se revela um profundo conhecedor das complexidades e particularidades do gigantesco mercado brasileiro, que considera “um mercado estratégico para a Morelli: “estamos falando do maior mercado consumidor da América Latina em eletrodomésticos, com um público cada vez mais atento à qualidade, design e tecnologia. Para nós, estar presente aqui significa não apenas ampliar as exportações, mas também nos contatar a um consumidor exigente, que valoriza tradição e inovação ao mesmo tempo. O Brasil é um parceiro fundamental no processo de internacionalização da Morelli e um destino natural para a nossa tradição de quase 100 anos na produção de eletrodomésticos de alta qualidade”.

Por conhecer caminhos e atalhos do mercado brasileiro, o Head Comercial da empresa argentina sabe que a internacionalização da Morelli em um mercado tão especial é tarefa para se cumprir respeitando uma estratégia de curto, médio e longo prazos. Ele revela que “a Morelli está chegando agora ao Brasil e está em frase de firmar parcerias com revendedores. Não fazemos venda direta. É importante ressaltar que a companhia vende na Argentina cerca de 12 mil fogões e cooktops por mês e no seu primeiro ano no Brasil pretende comercializar 3.600 peças mensalmente. O objetivo da marca é que esse número cresça ao longo dos anos”.

Enquanto lança as bases de uma maior presença no mercado brasileiro, a Morelli segue ativa no Uruguai, Paraguai e Bolívia, países que juntamente com o Brasil e a Argentina integram o Mercosul. O bloco tem um papel prático muito relevante para empresas como a Morelli, ressalta, reforçando que “a existência do bloco reduz barreiras tarifárias, simplifica processos alfandegários e permite uma logística mais ágil no transporte terrestre entre Argentina e Brasil. Isso se traduz em custos mais competitivos e maior previsibilidade na operação, fatores essenciais para expandirmos nossas vendas de forma sustentável”

Internacionalização da Morelli passa pelo Brasil e Mercosul

A busca por espaços fora do mercado da Argentina se baseia em objetivos muito bem definidos e devidamente planejados: “nosso processo de internacionalização está fundamentado em uma visão de longo prazo. Queremos crescer cada vez mais nos locais nos quais já estamos inseridos e o próximo passo é expandir gradualmente nossa atuação para outros países da América Latina. Essa regionalização permitirá fortalecer sinergias logísticas e ampliar parecerias comerciais. Em uma segunda fase, a Morelli pretende avançar para outros continentes. Nosso objetivo é posicionar a marca como referência em eletrodomésticos latino-americanos no cenário global”.

Para alcançar objetivos tão ambiciosos, a Morelli considera crucial estabelecer sinergias e parcerias com empresas brasileiras: “esse caminho já vem sendo trilhado por empresas argentinas, que têm buscado desenvolver sinergias estratégicas em diversas frentes. Um exemplo é a cooperação industrial e logística: companhias do setor de eletrodomésticos têm firmado acordos com fornecedores e distribuidores brasileiros para reduzir custos de transporte, agilizar processos de importação e oferecer serviços mais integrados ao consumidor final”, destacou.

Somado a isso, a Morelli busca uma colaboração ainda mais estreita com as companhias brasileiras em um terreno fundamental, o da inovação conjunta. Nesse setor, Garcia afirma que “há iniciativas de co-design e de compartilhamento de tecnologias que permitem adaptar produtos às preferências do consumidor brasileiro, como ajustes em eficiência energética, certificações locais e design funcional. Essas ações já apresentam resultados práticos como maior presença de produtos argentinos nas prateleiras brasileiras, diversificação da oferta de eletrodomésticos de maior valor agregado e fortalecimento de cadeias de supridores locais. Na prática, trata-se de um movimento que benéfica ambos os lados, ao mesmo tempo em que estimula a competitividade e consolida a integração produtiva da América Latina”.

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