Uma nova era para o comércio exterior em 2025

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 (*) Marcelo Vitali 

A trajetória de evolução do comércio exterior aponta nitidamente para um futuro em que automação, integração digital e inovação deixam de ser tendências para se tornarem pilares fundamentais da competitividade. Em 2025, essas transformações já em curso não serão apenas diferenciais, mas determinantes para o sucesso em um mercado global complexo ainda mais em um contexto de reconfiguração das cadeias produtivas. 

Com a digitalização e a robótica, o setor de comércio exterior revoluciona as operações logísticas e comerciais. A substituição de tarefas manuais por sistemas automatizados traz benefícios como redução de erros e otimização de processos, resultando em operações mais rápidas e precisas. Para empresas brasileiras, essa modernização representa uma ferramenta valiosa para enfrentar crises e garantir continuidade operacional. Em situações de incerteza, como guerras e desequilíbrios climáticos, ficou clara a importância de cadeias de suprimento resilientes. Para o futuro, a automação permitirá maior flexibilidade para lidar com desafios logísticos e flutuações de demanda. 

A digitalização dos processos também facilita a produção de inteligência de mercado, além da melhor coordenação de operações internacionais. A simplificação de fluxos de trabalho e a centralização de dados permitem que as empresas aprimorem a gestão de remessas, documentação e logística, além de reduzir custos e aumentar a segurança nas transações globais. Esses avanços se tornam essenciais para o Brasil expandir suas operações, adaptando-se às normas e regulamentações comerciais de seus parceiros internacionais, minimizando barreiras comerciais e evitando atrasos. 

Outro ponto essencial para as operações internacionais é o uso de IA para otimizar processos e reduzir tarefas repetitivas. Na How2Go, adotamos ferramentas como o Chat GPT para agilizar a execução de tarefas simples mas também apoiar nossas equipes na execução de grandes projetos de matchmaking, por exemplo. Ao automatizar tarefas básicas que sempre nos tomaram horas de consultoria, nossa equipe dedica mais tempo ao desenvolvimento de análises aprofundadas para nossos clientes. Além disso, estamos utilizando o Gather, uma plataforma colaborativa virtual que simula um ambiente de escritório. Com o uso da ferramenta, nosso time consegue reproduzir interações casuais de um ambiente físico, promovendo uma colaboração natural e mantendo a conexão entre os membros, independentemente da localização. 

Como uma potência em exportação de commodities agrícolas e minerais, o Brasil possui um papel estratégico no comércio internacional. No entanto, o país precisa superar desafios estruturais para tirar o máximo proveito dessas inovações. Investimentos em infraestrutura — como portos e ferrovias — são indispensáveis para agilizar o transporte e a exportação de mercadorias, especialmente em setores essenciais como o agronegócio. Com uma infraestrutura aprimorada e um ambiente regulatório adequado, o Brasil poderá consolidar-se como líder em setores estratégicos e fortalecer sua presença no mercado internacional.

Um exemplo real é a relação com a China. Embora o Brasil não tenha formalizado sua adesão à Nova Rota da Seda, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping firmaram neste semana uma declaração conjunta em que elevam o status da relação entre os dois países a uma “Comunidade de Futuro Compartilhado Brasil-China por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável” – foram assinado 37 tratados em diferentes áreas. 

A agenda de sustentabilidade avança junto com essas transformações, e, em 2025, as práticas de ESG serão cada vez mais exigidas. Empresas exportadoras enfrentarão regulamentações ambientais mais rigorosas, com consumidores e investidores demandando mais transparência e esforços para a redução de emissões. Na prática, isso significa que as cadeias de suprimento serão avaliadas não apenas pela eficiência, mas também pelo impacto ambiental. Países como o Brasil, com vastos recursos naturais, podem se destacar ao integrar práticas sustentáveis nas operações comerciais, criando um diferencial competitivo por meio de soluções inteligentes e tecnológicas -as chamadas agrotechs -, setor que já desponta no Brasil e deveria ser tratado como prioritário. 

O cenário do comércio exterior será marcado por rápidas transformações. As empresas que se ajustarem a essas mudanças estarão mais preparadas para enfrentar os desafios futuros. Como diretor da How2Go, observo que a transformação digital e a modernização dos processos são mais do que tendências: são um imperativo para empresas que buscam não apenas sobreviver mas prosperar no mercado global. A rapidez com que adotarmos essas tecnologias e estratégias sustentáveis determinará nosso papel no comércio internacional.  

(*) Marcelo Vitali é diretor da How2Go no Brasil, liderando a expansão global da agência de internacionalização e o desenvolvimento de novos mercados no país. Com mais de 18 anos de experiência em relações internacionais e comércio exterior, o executivo tem uma trajetória consolidada no desenvolvimento de negócios e na internacionalização de empresas.

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