Tarifaço: quem não se adapta, paga a conta

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Vivian Marques Braga (*)

Nos últimos meses, mudanças nas tarifas de importação e exportação colocaram muitas empresas em alerta. Os reflexos práticos dessas medidas vão além dos valores pagos. Eles afetam, diretamente, a forma como as organizações devem seguir normas legais e políticas internas. Nesse cenário, o compliance, um conjunto de práticas que garantem o cumprimento de regras e obrigações, ganha uma função ainda mais estratégica.

Com o aumento das tarifas, várias rotinas precisam ser revistas. Desde o preenchimento de documentos até a maneira como a empresa se posiciona nos processos de compra e venda. Pequenas falhas, que antes passavam despercebidas, agora podem resultar em sanções, autuações ou perda de credibilidade.

Não se trata apenas de entender a nova regra, mas de reorganizar a casa. Isso inclui revisar contratos, ajustar controles internos e manter os times bem informados sobre os riscos e as mudanças em curso. Nesse ponto, o compliance atua como um sistema de proteção. Ele identifica pontos frágeis, aponta soluções e reduz as chances de erro.

Outro desafio é atualizar os códigos e manuais internos. Muitas empresas ainda operam com materiais defasados ou genéricos. Com novas exigências surgindo, é fundamental que essas diretrizes reflitam a realidade atual, de forma clara e acessível a todos os setores. O treinamento das equipes também precisa acompanhar esse movimento.

Empresas que já valorizam práticas de integridade conseguem reagir com mais agilidade. Elas normalmente possuem processos mapeados, responsabilidades bem definidas e maior maturidade para lidar com mudanças externas. Por outro lado, organizações que ainda veem o compliance como algo “burocrático” tendem a sofrer mais impactos e correm riscos maiores.

No fim das contas, o que está em jogo é a capacidade da empresa de manter suas atividades em dia, sem atropelar a legislação. O investimento em políticas de conformidade não serve apenas para evitar punições. Ele contribui diretamente para a estabilidade do negócio e fortalece a confiança junto a parceiros, clientes e órgãos reguladores.

Diante de um cenário instável e exigente, agir preventivamente pode fazer toda a diferença. Adaptar-se rápido, com responsabilidade e transparência, é hoje uma necessidade e não mais uma escolha.

(*) Vivian Marques Braga é especialista em compliance e governança corporativa, com sólida atuação nos setores jurídico e estratégico de empresas multinacionais. Possui experiência internacional em escritórios de advocacia, instituições financeiras e grupos empresariais no Brasil, Estados Unidos e Europa. Ao longo da carreira, liderou projetos de reestruturação jurídica, due diligence, gestão de riscos regulatórios e implementação de políticas internas de conformidade. É membro da American Bar Association e atua como Senior Legal Strategist em operações de M&A e estruturação corporativa.

 

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