Dados mostram que vendas foram afetadas diretamente pelas tarifas impostas pelos EUA, com quedas expressivas nas exportações de granitos, mármores e pedra sabão. Apesar do cenário desafiador, o setor vem sendo impulsionado sobretudo pelas exportações dos quartzitos, que compensaram parte das perdas.
Da Redação (*)
Brasília – As tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros têm provocado efeitos concretos no setor de rochas naturais, especialmente nas exportações de granitos, mármores e pedra sabão. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas), entre janeiro e outubro de 2025, as exportações somaram US$ 1,24 bilhão, alta de 20,3% frente ao mesmo período do ano anterior. O avanço, no entanto, não reflete um cenário de tranquilidade.
A projeção é de que o setor poderia ter alcançado um resultado ainda mais expressivo, não fosse a queda acentuada nas vendas para os Estados Unidos de materiais que foram diretamente afetados pelas tarifas. As exportações de granito, por exemplo, registraram retração de 14,7%; o mármore caiu 9,8%; e a pedra sabão sofreu uma queda de 54,6%. Todos esses produtos integram a lista de materiais com tarifa adicional de 50% imposta pelo governo americano, o que comprometeu sua competitividade frente a outros fornecedores globais.
Vale reforçar que, embora as pedras naturais brasileiras estejam inseridas na lista de minerais não metálicos críticos para a cadeia de construção residencial dos Estados Unidos, apenas um código tarifário (HTSUS 6802.99.00) foi incluído entre as exceções à tarifa adicional.
Esse código contempla os quartzitos, cuja demanda tem crescido significativamente. Já os demais materiais, como mármore, granito e pedra sabão, continuam sujeitos à sobretaxa, o que compromete a competitividade internacional e limita o aproveitamento integral do potencial exportador do setor.
“O Brasil possui a maior geodiversidade do planeta, com mais de 1.200 variedades de rochas naturais, um potencial único ainda tem muito a ser explorado no comércio global”, afirmou o presidente da Centrorochas, Tales Machado.
Aplicação premium em cozinhas e banheiros
Com alto valor agregado e reconhecidos por sua resistência e durabilidade, os quartzitos brasileiros têm sido amplamente aplicados no mercado norte-americano, sobretudo em bancadas de cozinhas e banheiros, onde estética e desempenho são determinantes. Esse uso, porém, não concorre com a produção doméstica americana de mármore e granito, tradicionalmente voltada para monumentos e obras públicas, o que reforça o caráter complementar, e não substitutivo, da pedra natural brasileira naquele mercado.
Os Estados Unidos se mantêm como o principal destino das rochas naturais brasileiras, respondendo por 53,9% das exportações entre janeiro e outubro deste ano. Na sequência vêm a China (17,0%) e a Itália (8,3%), ambos com desempenho recorde de compras, especialmente de blocos brutos, posteriormente beneficiados e comercializados em diversos continentes.
Segundo o presidente da Centrorochas, Tales Machado, o cenário reforça a importância de uma atuação técnica e estratégica diante dos desafios internacionais. “Desde o anúncio do tarifaço, iniciamos um forte trabalho de diplomacia empresarial com agendas técnicas e institucionais em Washington D.C., buscando mitigar os efeitos da medida e abrir caminhos para o crescimento sustentável do setor. O desempenho dos quartzitos mostra que essa articulação funciona e que o Brasil segue relevante e competitivo no mercado global de rochas naturais”, concluiu.
(*) Com informações da Centrorochas







