Brasília – Em 2023, o Brasil importou US$ 5,3 bilhões em óleos combustíveis da Rússia, uma alta de 375% sobre as compras realizadas em 2022. Este ano, em janeiro, o aumento, comparativamente com janeiro do ano passado, foi ainda maior: 462%. Esses números fizeram da Rússia o principal exportador do produto para o Brasil, desbancando os Estados Unidos.
Poucas semanas após a divulgação dos dados da balança comercial de janeiro, os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido decretaram novas sanções comerciais contra a Rússia após a morte de Alexei Navalny, o principal opositor e crítico do presidente Vladimir Putin.
Os Estados Unidos e o Reino Unido proibiram a comercialização de petróleo e gás natural russo, enquanto a União Europeia decidiu embargar as importações de petróleo bruto por via marítima. Entre as medidas retaliatórias não figuram embargos às vendas externas de óleos combustíveis.
Segundo especialistas do mercado de petróleo, até o momento não se observou uma decisão por parte dos Estados Unidos e da União Europeia em relação aos fluxos de derivados de petróleo e que é pouco provável que haja uma pressão das potências ocidentais para que o Brasil cesse suas importações de óleo diesel da Rússia.
De acordo com esses especialistas, para 2024, a tendência é de que as importações de diesel russo pelo Brasil se mantenham. Em janeiro, as compras totalizaram US$ 500 milhões, uma alta de 462% em relação às importações realizadas no mesmo mês do ano passado e o produto foi responsável por 66% de todas as vendas russas para o Brasil.
Nesse cenário, os experts afirmam que é prematuro projetar os números de apenas um mês para o resultado anual, mas os números de janeiro seguem uma forte tendência de alta que persistiu durante todo o ano passado.
O aumento expressivo nas compras de óleo combustível foi o principal responsável pelo déficit de US$ 8,669 bilhões registrado na balança comercial com o país de Vladimir Putin em 2023. O dado levou a Rússia à quinta posição entre os maiores parceiros comerciais do Brasil, atrás apenas da China, Estados Unidos, Alemanha e Argentina.
No ano passado, as exportações brasileiras para o mercado russo tiveram uma queda de 3,41% para US$ 1,343 bilhões e a Rússia ocupou um modesto 42º lugar entre os principais mercados para os produtos brasileiros no exterior.
Em contrapartida, as vendas russas cresceram 27,5% e somaram US$ 10,013 bilhões. A correte de comércio (exportação+importação) totalizou US$ 11,356 bilhões, estabelecendo uma das maiores marcas do comércio bilateral desde o início da série histórica, em 1989, e fazendo da Rússia o quinto principal mercado para o Brasil.