Da Redação
Brasília – Nos últimos dois anos, o Chile acumulou um déficit de US$ 7,091 bilhões no comércio com o Brasil e apenas no ano passado o intercâmbio bilateral gerou um saldo negativo de US$ 4,494 bilhões para o país andino. Em 2022, as exportações brasileiras cresceram 29,9% para US$ 9,115 bilhões, enquanto as vendas chilenas subiram apenas 4,5% e somaram US$ 4,620 bilhões.
Apesar desses números, na percepção de Hugo Corales, Diretor Comercial da ProChile no Brasil, “as diferentes oscilações da balança comercial não representam, necessariamente, uma preocupação. O que nos preocupa é a promoção permanente da nossa oferta de bens e serviços para aumentar a nossa presença no mercado (brasileiro) e continuar com a nossa liderança em produtos como o salmão, o vinho e as frutas frescas, e alargar essa liderança a outros setores, sobretudo aos que representam maior conhecimento, tecnologia e valor agregado”.
Apesar do déficit histórico e crescente em desfavor do Chile nas trocas comerciais com o Brasil, quarto maior parceiro comercial chileno em todo o mundo, atrás apenas da China, Estados Unidos e Japão, o Diretor do órgão responsável pela promoção das exportações e atração de investimentos na estrutura governamental chilena tem uma avaliação “muito positiva” do trabalho realizado pela instituição.
Para o corrente ano, o Chile buscará consolidar ainda mais sua posição entre os principais fornecedores de alimentos e bebidas para o Brasil. Em 2022, apenas as exportações de pescados totalizaram US$ 746 milhões, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O Chile ocupa a liderança nas vendas ao Brasil de salmão fresco e vinhos, mas também de uvas, cerejas, mirtilos e abacates, entre outros produtos.
Na percepção do Diretor da ProChile, “o consumidor brasileiro reconhece que o Chile está no seu DNA e por isso nosso primeiro foco é fortalecer as ações comerciais para um setor chave, como o Agrofood, especialmente por meio do comércio eletrônico e do marketing digital. Estamos falando de campanhas com influenciadores locais (B2C), Unboxing, alianças com plataformas de e-commerce, novos importadores e rodadas de e-business, destacando atributos como segurança e inovação agroalimentar e promovendo as características do Chile como potência global em alimentação sustentável, principalmente por meio da nossa participação em feiras como a BioBrasil, Biofach, Apas e ProWine”.
Da mesma forma, aproveitando a experiência e o desenvolvimento desses setores no Chile, outra linha de trabalho implementada pela instituição se concentra nos serviços e nas indústrias criativas. De acordo com o executivo chileno, “no caso de serviços, há uma grande oportunidade para as pequenas e médias empresas exportadoras com soluções para educação, cibersegurança, healthtech, para serviços de mineração e também para prestadores de serviços em aquicultura. No caso das indústrias criativas, a principal oportunidade está no setor de videogames, no qual o Chile tem destaque internacional e também aqui no Brasil, graças à participação em feiras como o Big Festival”.
Acordo de Livre Comércio
Outro fator de otimismo para o executivo chileno é o Acordo de Livre Comércio entre Brasil e Chile no âmbito do Mercosul, assinado em 2018 e que entrou em vigor em janeiro do ano passado. Considerado o mais moderno já assinado pelo Brasil com outros países da região, o documento abrange temas como serviços, investimentos, compras governamentais e barreiras sanitárias e fitossanitárias.
Segundo Hugo Corales, “estamos muito otimistas em relação às oportunidades que o Acordo representa, principalmente no que diz respeito ao mercado de compras públicas. O Brasil tem o maior mercado desse segmento em toda a América Latina e (com o Acordo) oferece (ao Chile) igualdade de condição em relação aos fornecedores locais, sem a necessidade de se estabelecerem comercialmente no território brasileiro. É um mercado dez vezes maior que o chileno e movimenta mais de US$ 100 bilhões por ano”.
A geração de redes de inovação e atração de capital que promovam a internacionalização e instalação de empresas inovadoras, com foco em gênero e atributos de sustentabilidade, o posicionamento da imagem do Chile e do turismo de interesse especial também fazem parte da estratégia a ser implementada pelo governo chileno visando ampliar e dinamizar as relações comerciais com o Brasil.
ProChile no Brasil
Para diversificar sua atuação no Brasil, a ProChile conta com escritórios em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. Na capital paulista, o escritório funciona como centro de operações para o restante do País, liderando a estratégia de promoção comercial no mercado brasileiro.
Em Belo Horizonte, afirma o Diretor da ProChile, “foi criada uma representação comercial que, embora tenha foco nas empresas do setor de mineração, também trabalha com empresas chilenas de outros setores. É uma forma de estar presente em um dos mais importantes estados industriais do País, sendo um setor prioritário por ser reconhecido como um estado minerador, mas também como referência e apoio para empresas de outros setores também”.
Por fim, o escritório de Brasília é uma adidância agrícola, como parte a estrutura organizacional da representacional chilena na capital brasileira, com foco nas questões de abertura do mercado de saúde, inovação tecnologia e agrícola, além de certificação e documentos relacionados ao comércio internacional.
Conforme revela Hugo Corales, “da gestão da nossa representante em Belo Horizonte, Fernanda Franco, já temos alguns casos de sucesso, empresas chilenas que conseguiram fazer negócios no Brasil, oferecendo seus produtos e serviços para a indústria de mineração. A liderança e coordenação dessa rede de escritórios comerciais é realizada a partir de São Paulo, com o objetivo de articular o trabalho da nossa chancelaria, da Subsecretaria de Relações Econômicas Internacionais e ProChile, gerando sinergias para a promoção do turismo, atração de investimentos e o posicionamento de nossos bens e serviços no mercado brasileiro”.