Da Redação
Brasília – Em 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá visitar o Vietnã acompanhado por uma expressiva missão empresarial com o objetivo de ampliar as relações com um dos mais importantes parceiros comerciais do Brasil na Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN). A data da visita deverá ser fixada no primeiro trimestre do próximo ano.
Segundo especialistas em comércio exterior, neste ano a corrente de comércio (exportações+importações) bilateral deverá superar US$ 7 bilhões, superior àquela registrada com vários países da Europa e da América Latina.
Ao participar de um evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na última quarta-feira (27), o presidente Lula anunciou que o Brasil tem dois parceiros estratégicos em vista para desenvolver sua economia: Índia e Vietnã, dois dos países que mais crescem no mundo e que possuem proximidade com o Brasil em termos geoestratégicos. A Índia é membro fundador dos Brics, enquanto o Vietnã assinou em 2024 um acordo comercial com o bloco do Cone Sul, formado pela Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Com uma população de mais de 100 milhões de habitantes, o Vietnã mantém um ritmo sólido e consistente de crescimento econômico. Em 2023, o PIB do país cresceu 5% e projeções apontam expansão de 6,1% em 2024 e 6,5% em 2025. Esse crescimento e impulsionado por exportações, turismo e investimentos.
Ao justificar o interesse brasileiro em juma parceria estratégica com o Vietnã e com a Índia, o presidente Lula disse que é preciso aproveitar a “possiblidade de mercados ascendentes, não viciados e carimbados. Isso para colocar a indústria brasileira lá dentro e fazer parceria com a indústria de inovação que o Brasil tem”.
Em setembro do ano passado, durante visita ao Brasil do primeiro-ministro vietnamita, Pham Min Chinh (os dois mandatários já haviam conversado no fim de maio, em Hiroshima, à margem da Cúpula do G7, Lula enfatizou que o Brasil tem interesse em reforçar as relações com o Vietnã na área de defesa e no intercâmbio de ciência e tecnologia e destacou que o Brasil vive momento auspicioso, com oportunidades de novos investimentos na transição energética em diversos campos, como os de energia eólica, solar, biodiesel e hidrogênio verde, que também são de interesse do Vietnã.
Comercio em ascensão; pautas exportadoras divergentes
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2023, as exportações para o Vietnã cresceram 8,9% para US$ 3,722 bilhões, enquanto as importações se mantiveram praticamente estáveis (leve alta de 0,8%), totalizando US$ 3,008 bilhões. No período, as trocas bilaterais somaram US$ 6,730 bilhões, com um superávit brasileiro de US$ 715 bilhões.
No período janeiro-outubro deste ano, o fluxo de comércio entre os dois países ganhou maior impulso, com as exportações brasileiras totalizando US$ 3,264 bilhões (alta de 13,6%), enquanto as vendas do país asiáticos cresceram 22,2% para US$ 3,078 bilhões. A corrente de comércio somou US$ 6,342 bilhões (alta de 17,5%) e o saldo em favor do Brasil caiu para US$ 187 milhões.
Do lado vietnamita, as exportações para o Brasil envolvem exclusivamente produtos manufaturados, de alto valor agregado. São eles equipamentos de telecomunicações (US$ 768 milhões e participação de 21%); válvulas e tubos termiônicas (US$ 638 milhões, participação de 19%); pneus de borracha (US$ 249 milhões, participação de 8,1%); calçados (US$ 186 milhões e participação de 6,0%); e demais produtos da indústria de transformação (US$ 149 milhões e participação de 4,8%).
No entendimento do governo brasileiro, são enormes as possibilidades de ampliação do comércio com o Vietnã e, além disso, mudar a pauta exportadora brasileira atualmente concentrada em commodities de baixo valor agregado. É por esse motivo que o presidente Lula da Silva pretende visitar o Vietnã em 2025 acompanhado por grande missão empresarial, com nomes representativos da indústria, principalmente.
De janeiro a outubro, os cinco principais produtos embarcados para o Vietnã foram algodão em bruto (US$ 764 milhões, correspondentes a 23% do total exportado); milho não moído (US$ 664 milhões e participação de 20%); soja (472 milhões e participação de 14%); farelos de soja e outros alimentos para animais (US$ 333 milhões, correspondentes a 10% do total embarcado); e trigo e centeio (US$ 238 milhões e participação de 7,2%).
No sentido inverso, a pauta exportadora vietnamita é formada, exclusivamente, por produtos industrializados, de alto valor acrescido. São eles: equipamentos de telecomunicações (US$ 768 milhões, participação de 21%); válvulas e tubos termiônicas (US$ 638 milhões, participação de 28%); pneus de borracha (US$ 249 milhões, participação de 8,1%); calçados (USW$ 186 milhões, participação de 6,0%) e demais produtos da indústria de transformação (US$ 149 milhões, participação de 4,8%).