Brasília – Grande parte dos exportadores vê o mercado internacional como uma fonte secundária de receitas e depende fortemente da demanda nacional por seus produtos. Dados da pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras 2018 mostram que, para quase metade das empresas analisadas (46,4%), as exportações geram menos do que 10% da receita bruta. Por outra ótica, apenas 10,5% das empresas obtêm quase o total de suas receitas das exportações.
Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), os números refletem, de um lado, a dificuldade das empresas de se inserir no mercado internacional em função de problemas estruturais do Brasil e, de outro, o fato de elas ainda não terem incorporado a internacionalização como parte integral de sua estratégia de negócios. “Os números mostram que as empresas exportam há bastante tempo, mas o seu negócio é ancorado no mercado doméstico. É importante ter um equilíbrio, dividindo as receitas entre o mercado nacional e o internacional, para que as empresas se protejam em momentos de crise”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.
O diretor ressalta que, para que a economia cresça de forma sustentada, as empresas precisam colocar o mercado internacional no centro de sua estratégia. “Países como a Coreia do Sul buscaram uma orientação exportadora a partir dos anos 1970 e a China, a partir dos anos 1990. Os números mostram que, além de a internacionalização ser importante para o equilíbrio das empresas, aquelas que exportam inovam mais e pagam melhores salários”, diz Abijaodi.
A pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras de 2018 foi realizada pela CNI em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O estudo ouviu 589 empresas exportadoras e apresenta um raio-X dos problemas que os empresários brasileiros enfrentam para poder vender bens e serviços para o exterior.
RESULTADO REGIONAL
Os números mostram que, no Centro-Oeste, a dependência do mercado interno é ainda maior. Na região, o percentual de empresas que obtém apenas 10% de suas receitas a partir de exportações sobe de 46,4% (média nacional) para 60,8%. Na outra ponta, 12,9% das empresas da região obtém quase a totalidade das receitas a partir das exportações. Esse resultado está ligado, entre outros fatores, ao fato de o Centro-Oeste ser o mais desconectado do mar. Além disso, na região, destaca-se a presença de empresas que exportam um grande volume de commodities.
No Nordeste, por outro lado, cai de 46,4% (média nacional) para 27,7% o percentual de empresas que obtém apenas 10% de suas receitas a partir de exportações. Na região, sobe para 19,8% o total de exportadores que obtém quase a totalidade das receitas a partir das vendas de bens e serviços ao exterior. No Nordeste, destaca-se a presença de empresas que, embora sejam pequenas, exportam produtos com valor agregado, o que gera uma receita maior.
REGULARIDADE
Segundo a pesquisa, grande parte das empresas brasileiras exporta há muitos anos e com regularidade. Empresas que exportam regularmente representam 70,4% da amostra analisada. Ainda, 66,4% das empresas respondentes atuam como exportadoras há mais de 10 anos.De acordo com o estudo, as grandes empresas tendem a exportar com mais frequência do que as micro e pequenas empresas. Ao todo, 85,2% das empresas de grande porte exportam frequentemente, contra 60,1% das micro e pequenas empresas.
Há diferenças também no tempo de atuação como exportador para empresas grandes – 82,6% dessas empresas exporta há mais de 10 anos. Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, as empresas atuam há menos tempo com exportações. Enquanto, na média nacional, 66,4% das empresas exportam há mais de 10 anos, nessas três regiões esse percentual é de 53,6%.
(*) Com informações da CNI