País tem 33 acordos de livre comércio e tarifas de importação relativamente baixas, além de uma renda per capita mais alta que a do Brasil
Da Redação (*)
Brasília – O Chile lidera a América Latina em vendas internacionais no e-commerce, com 23% do volume total vindo de compras transfronteiriças. Com 33 acordos de livre comércio e tarifas de importação regionais relativamente baixas, o Chile oferece uma das rotas mais acessíveis para a expansão de empresas globais na região. Estas e outras informações fazem parte do Guia de Expansão Global para Mercados de Alto Crescimento, lançada pela Nuvei – fintech global de soluções de pagamento. Nesta quarta fase, o estudo tem como foco Chile e Índia.
A força do mercado chileno está em um ambiente estável e escalável, com barreiras de entrada relativamente baixas e uma base de consumidores acostumada a fazer compras globalmente: 25% do comércio eletrônico no país foi transfronteiriço, em 2024, e há projeção de atingir 28% até 2027. O Chile tem renda per-capita mais alta que Argentina, Brasil e México, internet difundida (58% frente aos 32% de quatro anos antes, o que demonstra a sua ascensão) e e-commerce maduro, com previsão de crescer 10% ao ano até 2027.
Veja a seguir os fatores que podem servir de exemplo para o Brasil ampliar o alcance do seu comércio eletrônico.
Infraestrutura digital de país avançado
O estudo mostra que a infraestrutura digital do país é tão robusta quanto a de regiões com economias mais desenvolvidas e reconhecidas pela robustez de estrutura no setor, como Hong Kong ou Emirados Árabes Unidos. O ecossistema de pagamentos do Chile é um dos mais maduros da América Latina, caracterizado pelo uso generalizado de cartões, alta inclusão financeira e forte apoio aos gastos internacionais. Isso permitiu ao país uma grande entrada do comércio eletrônico, que, ano passado, foi de 89%, frente 58% em 2020. O Brasil, embora mais de dez vezes populoso em relação ao vizinho chileno, deve crescer 70% até 2027.
A economia chilena é impulsionada pela transparência, diplomacia e baixas barreiras à importação, o que o tornou um dos mercados mais simples da América Latina para comerciantes estrangeiros entrarem sem a necessidade de uma entidade legal local. Isso se reflete na boa colocação do país no ranking do Banco Mundial de “fácil de fazer negócios”: 59º no mundo, muito à frente do Brasil (124º) e melhor colocado do que outras nações latino-americanas relevantes, tais como Colômbia (67ª) e México (60º).
Comércio eletrônico em alta e fatores favoráveis.
O volume de comércio eletrônico do Chile atingiu US$ 35,3 bilhões em 2024 e a projeção é de crescimento de 10% CAGR, chegando a US$ 45,7 bilhões até 2027. Forte poder de compra, regulação amigável e boa integração no comércio global são fatores nos quais o Brasil pode se inspirar para desenvolver o setor. No Chile, 97% da população está bancarizada, enquanto no Brasil, também com um índice muito bom, a taxa é de cerca de 94%.
“Com alto uso de cartões, crescente adoção de carteiras digitais e um ambiente favorável ao comércio cross-border, o Chile é uma base ideal para expansão na América Latina — sem a complexidade operacional comum na região”, afirma o estudo da Nuvei.
Em contraste a outros mercados de alto crescimento, os cartões de crédito internacionais são o principal método de pagamento de comércio eletrônico no Chile, respondendo por 58% dos gastos on-line em 2024 e com projeção de crescimento para 60% até 2027. A alta taxa de penetração bancária do país e a confiança do consumidor em pagamentos com cartão contribuíram para esse domínio.
Outros fatores que contribuem
O cenário regulatório do Chile é relativamente simples, especialmente para comerciantes estrangeiros. A característica crucial da estrutura regulatória do país é não exigir uma entidade local para operações internacionais no Chile. Os processos alfandegários também são notavelmente mais simplificados do que em outras nações sul-americanas. Para isso, entretanto, o cumprimento das leis locais de comércio eletrônico é essencial. Entre elas: a Lei de Comércio Eletrônico de 2022, que exige transparência em relação a preços, condições de pagamento, disponibilidade de estoque e prazos de entrega; e a Lei de Proteção de Dados Pessoais, com futuras reformas previstas para se alinhar aos padrões de privacidade ao estilo da União Europeia.
Verticais que se destacam
O varejo on-line tem tido sucesso no país, respondendo por 69% do volume de comércio eletrônico, com forte crescimento esperado até 2027. Dentre as categorias populares de comércio eletrônico no Chile estão roupas – mais da metade (52%) dos consumidores chilenos afirmam comprar roupas online -, alimentos (26%), tecnologia (25%) e beleza (24%). Aplicativos de transporte e entrega também se destacam, com crescimento anual previsto de 21%, além dos de viagens, que devem crescer 9% ao ano até 2027, alcançando US$ 6,3 bilhões.
Chilenos são digitalmente sofisticados
O Chile se destaca na América Latina como um dos mercados mais avançados digitalmente e economicamente estáveis. Os consumidores chilenos são digitalmente sofisticados e estão acostumados a fluxos de pagamento rápidos e sem atrito. Com o aumento do comércio móvel – com projeção de atingir bem mais de 60% até 2027 – haverá uma demanda associada por recursos como pagamentos tokenizados, credenciais de cartão salvas e compatibilidade com carteiras digitais. Além disso, o parcelamento continua sendo uma característica comum das compras a crédito, especialmente de itens de valor mais alto.
“A crescente adoção de carteiras digitais no Chile, aliada a comportamentos cada vez mais orientados ao mobile, aponta para uma transição semelhante rumo a casos de uso mais integrados de finanças embarcadas — especialmente à medida que os pagamentos parcelados e os programas de fidelidade se tornam padrão”, afirma o estudo da Nuvei.
(*) Com informações da Nuvei