Países emergentes fazem câmbio sem ter o dólar como intermediário, uma evolução notável da infraestrutura de pagamentos globais
Da Redação
Brasília – Com sanções econômicas, instabilidade cambial e busca por diversificação financeira, a evolução da infraestrutura de pagamentos transfronteiriços ganha urgência. Países do bloco BRICS estão acelerando a criação de liquidações diretas em moedas locais, ou seja, sem passar pelo dólar como intermediário, movimento apontado no relatório “BRICS Economic Bulletin 2025”, coordenado pelo Banco Central do Brasil.
Essa mudança exige atenção estratégica das organizações que operam no comércio internacional, especialmente em tecnologia, compliance e modelos operacionais. Segundo Ticiana Amorim, fundadora da Aarin Tech‑fin, assistimos a uma virada estrutural. “Quando as liquidações começam a acontecer em moedas locais, o que muda não é só o meio de pagamento, é a lógica de poder nas transações”, afirma.
Ao considerar esse movimento, três vetores ganham evidência:
Eficiência e custo: operar em moedas locais pode reduzir taxas de câmbio, intermediários e tempo de liquidação;
Risco cambial e dependência: empresas que dependem do dólar enfrentam menos flexibilidade e mais vulnerabilidade, e a liquidação em moeda local oferece alternativa;
Infraestrutura e regulação: a interoperabilidade entre sistemas nacionais, adoção de novos mecanismos de mensagens financeiras e alinhamento regulatório são desafios centrais.
Para organizações brasileiras que fazem parte de cadeias globais ou que importam/exportam para países do BRICS, o convite é claro: preparar-se agora. Isso significa revisar sistemas internos de liquidação, avaliar parceiros internacionais em moedas locais, ajustar compliance para novas redes de pagamento e alinhar governança financeira com esse futuro em construção.
“Esse movimento dos BRICS abre espaço para empresas repensarem seus modelos operacionais. Não é uma decisão técnica isolada: envolve governança, relacionamento com parceiros internacionais e novas competências financeiras”, finaliza Ticiana.








