Na CNA, Kátia Abreu analisa relação comercial entre Brasil e EUA (Gustavo Fröner /CNA)
Brasília – A ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) defendeu nesta quinta-feira (15) maior diálogo e harmonização de processos para ampliar o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Ela participou nesta manhã do “Diálogo Agrícola Brasil – Estados Unidos”, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Departamento de Agricultura americano (USDA).
Kátia Abreu afirmou que as duas nações são “gigantes na produção de alimentos e nas exportações”, e que não devem ser encaradas como inimigos ou adversários.
“Muito pelo contrário. Temos nossas funções complementares, responsabilidades mútuas com a segurança alimentar mundial e devemos harmonizar, cada vez mais, nosso diálogo, começando pelos processos de importações e exportações”, discursou a ministra, ao lado do presidente da CNA, João Martins, e da embaixadora dos EUA no Brasil, Liliana Ayalde.
A ministra deu destaque ao acordo para exportação de carne bovina in natura firmado em junho, quando a presidenta Dilma Rousseff visitou Washington. “Representou um marco muito especial”, assinalou. “Estamos com tudo pronto para vendermos, pela primeira vez, nossa carne para aquele país.”
Kátia Abreu disse ainda que não existe “briga comercial” entre BRICS (bloco formado pelos emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Estados Unidos e União Europeia. “O que existe é luta pela sobrevivência em ampliar mercados e garantir fornecimento de alimentos ao mundo.”
Questionada durante coletiva de imprensa sobre o acordo Transpacífico (TPP), Kátia Abreu afirmou que o Brasil precisa “rever sua posição para não ficar isolado, ilhado diante do mundo”. “Espero que mudanças possam ocorrer no sentido de o Brasil ficar um pouco mais livre para fazer o que precisa ser feito, que são os acordos comerciais, bilaterais e amplos, de livre comércio.”
Farm Bill
Kátia Abreu ressaltou que a lei agrícola americana aprovada no ano passado, a “Farm Bill”, traz “muita preocupação” para o agronegócio brasileiro, especialmente em relação aos subsídios. De acordo com estudo realizado pela CNA, se a lei fosse acionada hoje provocaria queda de 2,7% no preço da soja, o que representaria prejuízo de US$ 1,1 bilhão aos produtores brasileiros da commodity.
“Todas as nossas entidades estão observando com cuidado a operação dessa lei”, discursou a ministra, lembrando que o Brasil não pode acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) antes de a lei ser colocada em prática.
“Não podemos tomar nenhuma medida contra a lei antes que ela seja praticada, porque os mecanismos só serão acionados se houver distorções de preço. No mínimo, temos que esperar um ano de prejuízo para que possamos nos socorrer da OMC”, explicou.
Apesar das ponderações sobre os subsídios, a ministra elogiou a política de seguro rural prevista na “Farm Bill”, que servirá de referência para elaboração da Lei Plurianual Agrícola (LPA) brasileira.
“Queremos simplificar nossa legislação e dar previsibilidade e estabilidade ao produtor. O ponto alto será o seguro agrícola, item em que a lei americana é extraordinária”, observou.
Fonte: Mapa