Da Redação
Brasília – As negociações do Acordo de Livre Comércio Mercosul-União Europeia seguem paralisadas e o governo brasileiro tem buscado alternativas a esse tratado enquanto aguarda a retomada das conversações com o bloco europeu. Uma dessas alternativas é o Acordo Mercosul-EFTA, um bloco formado por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça, países que não integram a UE. As negociações com o EFTA tiveram início em 2017 e o governo brasileiro vê com otimismo o avanço das conversações.
Na quinta-feira passada (21), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, recebeu uma delegação parlamentar dos Estados-membros do EFTA para discutir o avanço no acordo de livre comércio com o Mercosul.
Na reunião com os parlamentares, Alckmin afirmou que, se for assinado, o acordo entre o Mercosul e o EFTA deve ajudar a concretizar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Avanços nas negociações poderão ser alcançados na próxima rodada entre o Mercosul e o EFTA, programada para os próximos 15 a 18 de abril, em Buenos Aires.
Com uma população de 13,5 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$ 1 trilhão, os quatro países do bloco figuram entre os maiores PIBs per capita do mundo, com um mercado consumidor de grande relevância global. O bloco é também uma das zonas mais avançadas em matéria de assinatura de acordos comerciais e já firmou 29 tratados com algumas das principais potências econômicas e comerciais do mundo.
Dados da balança comercial
Em 2023, a corrente de comércio (exportação+importação) entre o Brasil e os quatro países do EFTA totalizou US$ 6,414 bilhões (alta de 1,4% em relação ao ano anterior). No período, as exportações brasileiras tiveram uma pequena alta de 4,4% e somaram US$ 2,953 bilhões. Em contrapartida, as exportações do EFTA para o Brasil tiveram uma queda de 1,1% para US$ 3,461 bilhões. A balança bilateral gerou para o bloco europeu um superávit de US$ 508 milhões.
Nas exportações, Suíça e Noruega (ambos com uma participação de 46%) foram os principais mercados para os produtos brasileiros no EFTA, com embarques no total de US$ 1,37 bilhão. A Islândia importou um total de US$ 197 milhões. Em relação às importações, a Suíça respondeu por 79% do total embarcado para o Brasil, no total de US$ 2,8 bilhões, seguida pela Noruega, com exportações no total de US$ 685 milhões, equivalentes a 32,1% do total embarcado para o principal parceiro comercial do EFTA na América Latina.
Balança comercial do primeiro bimestre de 2024
No primeiro bimestre deste ano, o comércio bilateral totalizou US$ 1,140 bilhão e as exportações brasileiras tiveram uma queda de 9,7% para US$ 503 milhões, enquanto as vendas do EFTA subiram 9,3% e totalizaram US$ 637 milhões.
Os principais produtos exportados pelo Brasil foram ouro não monetário (US$ 142 milhões); alumina (US$ 126 milhões); minério de ferro (US$ 105 milhões); soja (US$ 41 milhões); óleos combustíveis (US$ 24 milhões); e demais produtos da indústria de transformação (US$ 16 milhões).
Pelo lado do EFTA, os destaques na pauta exportadora para o Brasil foram medicamentos e produtos farmacêuticos (US$ 157 milhões); composto organo-inorgânicos (US$ 73 milhões); outros medicamentos (US$ 64 milhões); pescado seco, salgado (US$ 36 milhões): e demais produtos da indústria de transformação (US$ 31 milhões).
Líder nas importações de produtos brasileiros no bloco, a Suíça foi também o país que mais exportou para o Brasil, com vendas no total de US$ 500 milhões (78% do total embarcado), seguida pela Noruega, com uma fatia de 21% do total, no valor de US$ 133 milhões.