Mar Vermelho: Brasil acompanha evolução da crise e efeitos no transporte internacional

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Da Redação

Brasília – Os ataques realizados no último sábado (24) por forças militares dos Estados Unidos e do  Reino Unido em oito áreas controladas pelos rebeldes houthis no Iêmen marcam a intensificação de um conflito que ameaça o comércio global e aumenta a preocupação do governo ante a possibilidade de que a escalada militar no Mar Vermelho afete o comércio exterior do país. O acirramento das tensões vem sendo acompanhado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), através da Secretaria de Comercio Exterior (Secex).

Na Secex, o objetivo é identificar possíveis impactos que os acontecimentos naquela área sensível possam vir a ter sobre as operações do comércio exterior brasileiro. O monitoramento vem sendo feito através de análises de dados do fluxo comercial e em contatos constantes com os setores produtivos e, em especial, com as tradings exportadoras e importadoras.

Segundo a titular da Secex, Tatiana Prazeres, as possibilidades de agravamento do conflito são um risco potencial para a economia global em um ano em que as projeções já não eram das melhores antes dos primeiros ataques realizados pelos houthis e tendem a se agravar ainda mais com a ofensiva realizada pelas forças americanas e britânicas contra objetivos houthis em território iemenita no final de semana.

No MDIC, assim como entre os agentes privados do comércio exterior brasileiro, existe uma preocupação com os aumentos dos custos no transporte internacional gerados pela necessidade de adoção de rotas alternativas para se evitar o trânsito de mercadorias pelo Mar Vermelho.

Dados do Fundo Monetário Internacional mostram que o desvio de rota já vem acontecendo e a tendência é de alta. Em meados de janeiro, o número médio de navios que passavam diariamente pelo Estreito de Bab-el-Mandeb, caiu de 67 para 41 e a tendência é de que se reduza nas próximas semanas.

A redução do número de embarcações vem sendo registrada também no Canal de Suez, que caiu de 73 navios para 54 por dia. Como alternativa, as companhias de transporte marítimo ampliaram o tráfego pelo Cabo da Boa Esperança, que contorna a África, constituindo uma rota segura, mas que eleva consideravelmente o custo do transporte das mercadorias.

Ainda que não existam dados oficiais atestando os efeitos negativos da crise no Mar Vermelho na movimentação de cargas nos portos nacionais, especialmente em relação ao fluxo das exportações, há indicativos que eles existem, mas ainda são relativamente baixos, quando comparados com outros países.

A Secex trabalha com a perspectiva de que, dependendo do avanço da escalada militar, pode ocorrer um aumento do custo dos fretes, que já subiram a partir do início da crise. Mas os dados da balança comercial divulgados pela Secretaria tanto em relação ao período janeiro-dezembro de 2023 quanto ao mês de janeiro deste ano mostram um aumento importante no volume dos bens embarcados para o exterior, indicando que a crise no Mar Vermelho ainda não afetou as exportações brasileiras de maneira significativa.

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