Vice-presidente insiste no caminho da negociação com os EUA
Da Redação (*)
Brasília – O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quarta-feira (24) que a “boa química” entre os presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e dos Estados Unidos, Donald Trump, vai ajudar a resolver o tarifaço norte-americano que impõe taxas de até 50% sobre as exportações de produtos brasileiros para os Estados Unidos. Alckmin participou de um evento sobre mercado de capitais promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na sede da instituição, no Rio de Janeiro.
“Nos Estados Unidos, uma boa química entre presidentes vai ajudar a buscarmos a melhor solução para resolvermos um tarifaço que não se justifica”, disse o também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Alckmin se referia ao rápido encontro na terça-feira (23) entre os presidentes dos dois países, durante a 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Em seu discurso no evento, Trump revelou que em um breve encontro não programado gostou do presidente Lula e que os dois chefes de governo devem ter um encontro bilateral na próxima semana. Trump chegou a usar as expressões “homem muito agradável” e “uma química excelente”.
Segundo o Palácio do Planalto, o futuro encontro foi proposto por Trump e imediatamente aceito por Lula. Mas ainda não está certo se será presencial ou por telefone, nem quando ocorrerá.
Negociação
Ao mesmo tempo em que insiste no caminho da negociação, Alckmin, que assumiu a presidência enquanto Lula está fora do país, reforçou a posição do governo brasileiro de que o tarifaço, iniciado em 6 de agosto é injusto.
“O Brasil tem, é importante destacar isso, uma tarifa [de importação] média dos Estados Unidos de 2,7%, é uma tarifa média baixa. Dos 10 produtos que os Estados Unidos mais exportam para o Brasil, oito tem tarifa é zero”, detalhou.
Perguntado se as negociações com os norte-americanos podem incluir a redução da tarifa aplicada ao etanol americano, Alckmin respondeu que “sempre tem espaço para o diálogo em questões tarifárias, não tarifárias e muita oportunidade de investimentos”. O presidente em exercício lembrou que os dois países possuem história de 201 anos de amizade.
Protecionismo
Ao travar guerra tarifária contra diversos parceiros comerciais, Donald Trump tem alegado questões protecionistas, apontando que os Estados Unidos saem em desvantagem.
O Brasil, ao lado da Índia, é o país mais atingido, com as tarifas que chegam a 50%. Trump alega que os americanos têm déficit comercial (compram mais do que vendem) com o Brasil – o que é desmentido por números oficiais de ambos os países.
O presidente americano usou também como justificativa o tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que considera ser perseguido político. Bolsonaro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, em julgamento que terminou no último dia 11.
Os Estados Unidos são o segundo principal parceiro comercial do Brasil, perdendo apenas para a China. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o tarifaço de 50% incide em cerca de um terço (35,9%) das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
As exportações de produtos afetados pelo tarifaço caíram 22,4% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2024. Já as vendas de itens que não sofreram taxas adicionais recuaram 7,1%. Cerca de 700 produtos ficaram fora da lista de taxação.
(*) Com informações da Agência Brasi