Exportações para países árabes cresceram 22% em ano marcado pela estagnação junto a outros parceiros

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Com US$ 23 bilhões em receitas, vendas brasileiras aos países árabes têm segundo recorde consecutivo em 2024

Da Redação (*)

Brasília – Em 2024, as exportações do Brasil para a Liga Árabe tiveram alta de 22,44% sobre o ano anterior, totalizando US$ 23,68 bilhões, informa a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, que acompanha o comércio com o bloco de 22 países.

De acordo com o Departamento de Inteligência de Mercado da instituição, o resultado é o segundo recorde consecutivo de vendas para a região e o melhor desempenho de receitas já alcançado desde o início da compilação série histórica de exportações, em 1989, pelo governo brasileiro.

O comércio com a Liga Árabe também teve recorde de superávit para o lado brasileiro, de US$ 13,50 bilhões, alta de 55,54% sobre o do ano anterior. A corrente comercial, que é a soma das importações e exportações, também avançou 12,88%, alcançando o recorde de US$ 33,87 bilhões, segundo a entidade.

“O resultado chama atenção por comprovar a resiliência dos mercados árabes, especialmente num ano em que as exportações do Brasil para o mundo praticamente repetiram o desempenho de 2023”, pontua Mohamad Mourad, secretário-geral da Câmara Árabe. “O mercado árabe deve, portanto, estar nas prioridades das empresas interessadas em internacionalizar operações”, defende.

Comércio em ascensão em tempos de retração

Em 2024, as exportações brasileiras para todos os parceiros no mundo tiveram recuo de 0,78%, somando US$ 337,04 bilhões, segundo dados do sistema federal Comex Stat. Entre os dez principais destinos dos produtos brasileiros, houve recuo nas vendas em seis, inclusive em mercados importantes, como a China, o maior comprador, e a Argentina, o terceiro do ranking. No caso do país asiático, as vendas recuaram em 9,50%, fechando em US$ 94,41 bilhões. As receitas com a Argentina reduziram 17,56%, para US$ 13,78 bilhões.

Já entre os parceiros árabes, o cenário foi de avanço. As exportações para os Emirados Árabes Unidos, o maior cliente na região, cresceram 43,57%, para US$ 4,54 bilhões. O Egito, o segundo maior, comprou 72,29% mais, no caso US$ 3,99 bilhões. Mesmo a Arábia Saudita, o terceiro mercado, onde as vendas recuaram 2,83%, houve a aquisição de US$ 3,11 bilhões em produtos brasileiros. A Argélia, o quarto maior cliente, comprou 8,39% mais, total de US$ 2,57 bilhões. O Iraque, o quinto, avançou 49,13%, para US$ 1,91 bilhão em compras.

Segundo Mourad, o desempenho das vendas para a Liga Árabe reflete o esforço dos países em seguir com investimentos para uma economia pós-petróleo, chamados Visões 2030. Para o executivo, esses investimentos têm prosseguido via remanejo de recursos, além da atração direta de capital estrangeiro, inclusive brasileiro, em medida suficiente para manter aquecidas as maiores economias do bloco.

Pauta exportadora centrada em produtos do agronegócio

A pauta brasileira de exportações com a Liga Árabe foi prevalente em produtos do agronegócio, que geraram 75,67% das receitas, ou US$ 17,92 bilhões. Os produtos mais vendidos foram açúcar (alta de 34,22’%, para US$ 6,63 bilhões), frango (+9%, US$ 3,58 bi), minério de ferro (+10,51%, US$ 3,08 bi), fora das commodities do agro, além do milho e outros cereais (+28,04%, US$ 2,46 bi) e da carne bovina (+57,72%, US$ 1,75 bi).

O desempenho dos principais produtos do agronegócio também foi comparativamente melhor na Liga Árabe em relação ao conjunto das vendas brasileiras. Se nos países árabes, as exportações de açúcar cresceram 34,22%, no todo do planeta, tiveram avanço menor, de 18,14%.

As receitas de frango na Liga Árabe foram 9% maiores, crescendo no conjunto do mundo apenas 1,70%. Além disso, os árabes também pagaram melhor pelo frango brasileiro: US$ 2.091,04 a tonelada, contra US$ 1.840,00 a tonelada, na média de todos os negócios globais.

Situação parecida ocorreu com a carne bovina. Nos países árabes, as receitas avançaram 57,72% sobre o ano passado, ao passo que, no conjunto das vendas mundiais, o avanço foi expressivo, mas menor, de 21,80%.

O milho teve receitas avançando nos árabes 28,04% e recuando 37,20% no conjunto do mundo. A soja agrupada com outras oleaginosas teve queda. Nos árabes, no entanto, o dano foi menor. Na Liga as vendas caíram 15,19%. No mundo, 18,9%.

(*) Com informações da CCAB

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