Com exportações em queda, Brasil perde mercado na América do Sul para os EUA, China e UE

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Da Redação

Brasília – O superávit obtido pelo Brasil no comércio com os países da América do Sul vêm caindo vertiginosamente nos últimos anos e o País está perdendo mercado na região para os Estados Unidos, China, União Europeia e Índia. Depois de atingirem a cifra recorde de US$ 45,262 bilhões em 2011, as vendas para a região despencaram para US$ 40,180 bilhões em 2012. Este ano, a queda prossegue ainda mais acentuada e, na melhor das hipóteses, poderão alcançar uma cifra entre US$ 32 bilhões a US$ 34 bilhões.

Entre janeiro e agosto, as exportações brasileiras para a América do Sul totalizaram US$ 21, 494 bilhões. Com isso, o superávit obtido pelo Brasil nesse intercâmbio, que atingiu o pico no ano passado, quando chegou a US$ 9,649 bilhões, nos oito primeiros meses deste ano caiu para US$ 4,813 bilhões, uma retração de 33,29% no superavit, comparativamente com o saldo registrado em igual período do ano passado.

Nos últimos anos, os países da América do Sul sempre foram os principais responsáveis pelos saldos obtidos pelo Brasil em sua balança comercial. E, além de gerarem saldo, os países vizinhos notabilizaram-se por constituir, como um bloco, o principal destino dos produtos manufaturados exportados pelo País.

Enquanto o maior parceiro brasileiro, a China, cada vez mais limita-se a importar commodities como soja e minério de ferro, os vizinhos Argentina, Venezuela, Chile, Colômbia e diversos outros figuraram entre os maiores importadores de produtos de alto valor agregado como automóveis, celulares, calçados, geladeiras, fogões, televisores e muitos outros.

As exportações brasileiras para os vizinhos da América do Sul tiveram um forte aumento em 2011, quando totalizaram US$ 45,262 bilhões, cifra recorde na história do comércio com a região. No ano seguinte, as vendas recuaram para US$ 40,180 bilhões.

Acordos comerciais

Estudos feitos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) revelam que entre 2008 e 2011, a participação das exportações brasileiras no total importado pelos países sul-americanos caiu de 11% para 9,7%, o que representaria uma perda de faturamento da ordem de, no mínimo, US$ 7,4 bilhões. Nesse período, a fatia conjunta dos Estados Unidos, da China, União Europeia e da Índia na região saltou de 46,4% para 50,4%.

De acordo com analistas de comércio exterior, a perda de espaço pelo Brasil no comércio exterior dos países vizinhos se deve a pelo menos dois fatores principais. Um deles estaria relacionado à agressividade com que países como os Estados Unidos, China e União Europeia passaram a disputar fatias desse mercado com o Brasil.

Outro fator, apontado por muitos como mais relevante se prende ao fato de que, atrelado ao Mercosul, que impossibilita o Brasil de negociar, isoladamente, acordos de livre comércio, o País vem perdendo competitividade e mercados. A esses fatores se somaria ainda a baixa competitividade da indústria nacional.

Enquanto o Brasil firmou poucos acordos de livre comércio, e em geral com parceiros de baixa expressão e num total de apenas 22 países, o Chile tem uma ampla rede de acordos envolvendo nada menos que 62 países, entre eles os 28 estados-membros da União Europeia. A Colômbia é signatária de acordos de livre comércio com 60 países, o Peru 52, o México 50. Chile, Colômbia e Peru têm acordos de livre comércio com os Estados Unidos, que dão preferência a esses mercados e gozam da reciprocidade

E essa crescente e aparentemente inexorável perda de mercado e de competitividade na região deverá acentuar-se ainda mais com a consolidação da Aliança do Pacífico, acordo de livre comércio entre Chile, Colômbia, México e Peru. O acordo entrou em vigor no mês de abril e praticamente zera a alíquota das transações intrabloco.

Os quatro países têm, em seu conjunto, uma população de 210 milhões de habitantes (36% da população total da América Latina e do Caribe) e um Produto Interno Bruto (PIB) que equivale a 35% de toda a riqueza produzida na América Latina. Em 2012, os integrantes da Aliança do Pacífico cresceram a uma taxa média de impressionantes 5%, contra apenas 2,2% do crescimento mundial.

Se o cenário atual já é preocupante

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