São Paulo – As exportações brasileiras de ovos ao mundo árabe renderam US$ 16,5 milhões de janeiro a agosto, um aumento de 28% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Bahrein e Sudão foram os países da região que compraram o produto do Brasil nos oito primeiros meses de 2014.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, responsável pela área de aves, disse à ANBA que dois fatores influenciaram o desempenho. Em primeiro lugar, os exportadores brasileiros tiveram que buscar destinos alternativos após Angola, terceiro maior mercado do Brasil até o ano passado, começar a dificultar a emissão de licenças de importação, segundo ele, por razões protecionistas.
Além disso, o setor desenvolveu uma política com maior foco no Oriente Médio e investiu em trabalho de inteligência de mercado na região. “Há espaço para aumentar o perfil das exportações para lá”, afirmou o executivo.
Entre as ações de promoção comercial, ele destacou o lançamento da marca institucional Brazilian Egg na última edição da Gulfood, feira do ramo de alimentos realizada em Dubai, nos Emirados, em março, e adiantou que esta ação será reforçada na Gulfood do ano que vem.
“Nosso foco principal em 2015 será o Oriente Médio, [pois os países da região] já são nossos grandes parceiros na área de aves e há abertura para serem também na área de ovos”, ressaltou.
O Oriente Médio é o maior mercado do frango brasileiro e isso, na avaliação do executivo, vai facilitar ampliação das exportações de ovos, uma vez que os clientes locais conhecem a capacidade e a qualidade dos exportadores do País.
De janeiro a agosto, os Emirados foram o primeiro mercado de ovos do Brasil entre os árabes e o segundo do mundo, atrás apenas da Venezuela, com importações de US$ 10,3 milhões, um crescimento de 23% sobre o mesmo período de 2013. A Arábia Saudita ficou na segunda colocação no bloco e em quinto globalmente, com compras equivalentes a US$ 3,3 milhões, um avanço de mais de 15 vezes na mesma comparação. Bahrein e Sudão, porém, reduziram as importações.
Capacidade
Santin informou que as exportações brasileiras de ovos são pequenas, correspondem a menos de 1% da produção nacional, mas a ideia é aumentar, e ele garante que o País tem capacidade para atender a demanda internacional.
Recém chegado de viagem à Rússia, o executivo citou o exemplo do frango. A Rússia embargou as importações dos Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá e Noruega, em reposta às sanções impostas a Moscou por estes países pelo apoio aos separatistas russos da Ucrânia, e recorreu a outros importadores, o Brasil em especial, para abastecer seu mercado.
Essa demanda já pode ser observada nas estatísticas. Segundo Santin, no primeiro semestre o Brasil exportou em média 5 mil toneladas de frango por mês ao mercado russo, passou para 6 mil em julho, 8 mil em agosto e 8,1 mil nas duas primeiras semanas de setembro, podendo chegar a 20 mil até o final do mês. Este aumento brusco, de acordo com ele, não compromete as exportações para outros destinos. “Temos elasticidade nas áreas de frango e ovos”, garantiu.
Fonte: ANBA