Novo Hamburgo (RS) – Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, no primeiro trimestre, foram embarcados 38,44 milhões de pares ao exterior, o que gerou US$ 328,44 milhões. Os registros são 5,7% inferiores em volume e 2,4% superiores em valores em relação ao mesmo período do ano passado. Segregando apenas o mês de março, as exportações somaram 11,67 milhões de pares e US$ 108,66 milhões, quedas tanto em volume (-11,4%) quanto em valores (-2,6%) em relação a março de 2022. O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que o mês de março já reflete o cenário de desaceleração econômica internacional, associado a elevadas taxas de inflação, o que compromete o crescimento de setores produtores de bens de consumo não essenciais. “Ao mesmo tempo, notamos um acirramento da concorrência internacional, na medida em que a China retoma seu posicionamento após as restrições da política de Covid Zero, além da queda do custo do frete internacional, hoje quase 80% abaixo do mesmo mês do ano anterior”, avalia o executivo, ressaltando que as dificuldades com a elevação do frete fizeram, no ano passado, com que países geograficamente próximos ao Brasil buscassem o abastecimento aqui, em detrimento da Ásia. Desaquecimento nos EUA Outro fato destacado pelo dirigente é a queda das exportações para os Estados Unidos, principal destino do calçado brasileiro no exterior. “Como resultado da desaceleração internacional e do crescimento do nível de estoques no mercado, as importações totais de calçados dos Estados Unidos já sofreram redução de 21,5% (em volume), o que tem impacto direto nos embarques brasileiros”, acrescenta Ferreira. No trimestre, o principal destino das exportações de calçados brasileiros foram os Estados Unidos. No período, os norte-americanos importaram 2,9 milhões de pares verde-amarelos, que geraram US$ 56,87 milhões, quedas tanto em volume (-51,5%) quanto em receita (-35,9%) em relação ao mesmo período do ano passado. O segundo destino dos primeiros três meses foi a Argentina, que recebeu 3,23 milhões de pares por US$ 55,32 milhões, altas tanto em volume (+1,4%) quanto em receita (+52,8%) em relação ao mesmo período de 2022. Com crescimento expressivo e ultrapassando a França na terceira posição, a Espanha figurou no ranking dos principais destinos do calçado brasileiro. No primeiro trimestre, foram embarcados para lá 5,75 milhões de pares, que geraram US$ 17,8 milhões, altas de 265,6% e 272,2%, respectivamente, ante o mesmo intervalo do ano passado. Estados O principal exportador brasileiro de calçados segue sendo o Rio Grande do Sul. No primeiro trimestre, as fábricas gaúchas exportaram 9,58 milhões de pares por US$ 139,94 milhões, quedas tanto em volume (-11,2%) quanto em receita (-4%) em relação ao mesmo intervalo de 2022. O segundo exportador do trimestre foi o Ceará, de onde partiram 13,18 milhões de pares por US$ 83,54 milhões, queda de 6% em volume e incremento de 6% em receita na relação com o mesmo ínterim do ano passado. Encerrando o ranking, apareceu São Paulo. No primeiro trimestre, partiram das fábricas paulistas 2 milhões de pares, que geraram US$ 30,53 milhões, queda de 6,8% em volume e incremento de 3% em receita na relação com o mesmo período de 2022. Importações seguem em alta As importações de calçados, diferentemente das exportações, seguem em tendência de alta. No primeiro trimestre, entraram no Brasil 9,9 milhões de pares por US$ 111,96 milhões, altas tanto em volume (+11,4%) quanto em receita (+27,4%) em relação ao mesmo período de 2022. As principais origens seguem sendo os países asiáticos. O primeiro deles é a China, que exportou para o Brasil, nos três meses, 5,64 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 16,22 milhões, alta de 12,3% em volume e queda de 2% em receita na relação com 2022. Na segunda posição apareceram os calçados importados do Vietnã. Nos três meses, entraram no Brasil 2,4 milhões de pares vietnamitas por US$ 55,58 milhões, altas tanto em volume (+21,8%) quanto em receita (+43,6%) em relação ao mesmo período do ano passado. Fechando o ranking das importações apareceram os calçados da Indonésia. Nos três meses, o Brasil importou 846,27 mil pares de calçados daquele país, despendendo um total de US$ 17,3 milhões, altas de 13,3% e de 11,3%, respectivamente, no comparativo com o mesmo intervalo de 2022. Alerta Ferreira alerta que as importações de calçados chineses estão 51% superiores às importações do país asiático na média dos últimos sete anos. “Além disso, no trimestre, continua sendo o maior volume de importação originária da China desde 2010, com o menor preço médio, no período, de toda a série histórica (desde 1997). Hoje, chegam calçados chineses a preços menores do que US$ 2, o que aponta para prática de dumping. O fato exige atenção especial do Governo Federal, pois coloca em risco a indústria nacional e os milhares de empregos gerados por ela”, conclui o executivo. Em partes de calçados – cabedais, palmilhas, solas, saltos etc – as importações do trimestre somaram US$ 7,15 milhões, 20,3% mais do que no mesmo período do ano passado. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã. |
(*) Com informações da Abicalçados